Rabinos haviam feito ritual contra Sharon por causa da retirada de Gaza

DO ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

O derrame que pôs em grave risco a vida do premiê Ariel Sharon levou muitos israelenses a lembrar de um ritual de magia negra realizado no ano passado por judeus extremistas contrários à retirada de Gaza.
Conhecida como "Pulsa de Nura" (chicote de fogo, em aramaico), a prática cabalística foi usada por dois rabinos no antigo cemitério de Rosh Pinah, no extremo norte de Israel, em julho, pouco menos de um mês antes da retirada.
O ritual, marginalizado e proibido pelo judaísmo tradicional, ganhou o noticiário pela primeira vez alguns meses antes do assassinato do premiê Yitzhak Rabin, em 1995, quando rabinos radicais disseram ter lançado a maldição sobre ele como castigo divino pelo processo de paz e a cessão de terras consideradas sagradas aos palestinos. Algo parecido ocorreu em Rosh Pinah, onde os rabinos disseram ter clamado ao "anjo da morte" que levasse Sharon.
Ao contrário do que muitos pensaram na época, a prática é relativamente nova, conforme explicou à Folha Meir Bar-Ilan, especialista em mística judaica da Universidade Bar-Ilan, perto de Tel Aviv. "A primeira vez que se ouviu falar da Pulsa de Nura como ritual de maldição foi no começo do século 20, aparentemente com sucesso", disse o acadêmico. "Se o mesmo sucesso foi obtido contra Rabin e Sharon, jamais saberemos."
O contra-ataque cabalístico veio nesta semana. Segundo o jornal "Maariv", rabinos da corrente mística anunciaram ter dado a Sharon o nome de Haim, que significa "vida" em hebraico, a fim de ajudar em sua recuperação. Segundo o jornal, a tradição do judaísmo místico indica que a concessão do nome a alguém gravemente enferma pode mudar o curso de sua vida.
Em 1957, lembra o jornal, o líder do Partido Nacional Religioso Moshé Shapira, que ficara gravemente ferido num atentado, salvou-se após um longo período em coma com o nome de Haim, que rabinos lhe concederam num ritual de salvação.
Além disso, grupos de judeus ortodoxos estão distribuindo CDs com preces especiais pela saúde do premie, diante do hospital onde ele está internado. (MN)


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