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IRAQUE SOB TUTELA
Sunitas protestam contra invasão americana de mesquita da capital; Bremer queria 500 mil militares
Homens-bomba matam 29 em cerimônia em Bagdá
DA REDAÇÃO
Dois homens-bomba vestidos
com fardas de policiais iraquianos
provocaram ontem 29 mortes
diante do Ministério do Interior, o
que põe novamente sob suspeita
o dispositivo de segurança nos
edifícios públicos de Bagdá.
Os dois insurgentes tiveram
acesso às celebrações do Dia Nacional da Polícia. O primeiro foi
morto, e suas bombas explodiram
quando ele já estava no chão e policiais tentavam remover seu cinturão de explosivos. O outro teve
tempo de se explodir em local de
alta concentração de convidados.
O embaixador dos EUA no país,
Zalmay Khalilzad, e os ministros
iraquianos do Interior e da Defesa
participavam do evento, mas estavam longe das explosões.
Em mensagem na internet, a Al
Qaeda reivindicou o atentado.
Disse que "dois de nossos irmãos" conseguiram ultrapassar
nove barreiras "que os infiéis colocaram ao redor do edifício".
Segundo a polícia, um dos insurgentes levantou suspeitas por
parecer "excessivamente obeso".
Foi morto com um tiro nas costas.
Em outros incidentes ocorridos
ontem, atiradores mataram um
juiz em Kirkuk, cinco corpos foram encontrados em Bagdá, e um
carro-bomba explodiu em Baquba, matando dois civis.
Em outra declaração da Al Qaeda postada na internet, o representante do grupo no Iraque, Abu
Mussab al Zarqawi, disse que continuaria a punir os árabes sunitas
por terem participado da eleição
parlamentar, o que "atirou uma
corda" para que os EUA tentem
sair do abismo em que caíram.
Enquanto isso, porta-vozes
americanos disseram que o helicóptero Black Hawk, que caiu na
madrugada de sábado para domingo, transportava oito militares e quatro civis, todos americanos. As condições climáticas
eram desfavoráveis, mas não está
descartada a tese de atentado.
Desde a última quinta-feira,
morreram no Iraque 28 americanos, dos quais 24 militares.
Em Washington, o Pentágono
revelou que Paul Bremer, quando
era administrador do Iraque durante os 13 primeiros meses da
ocupação, disse que seriam necessários 500 mil militares americanos para conter a insurgência.
Mas ele obteve só 145 mil, por decisão do general Richard Myers,
na época chefe do Estado-Maior.
Invasão de mesquita
A invasão de uma mesquita sunita de Bagdá por militares americanos, no domingo, foi ontem
classificada de "uma agressão pecaminosa" que tende a degradar
as relações daquela comunidade
com o comando americano.
Partidos árabe-sunitas se disseram chocados pelo que classificaram de "violação a locais de culto"
e disseram que ações desse tipo
comprometem o plano dos Estados Unidos de convencer setores
sunitas a deixar a insurgência e
participar do processo político.
A invasão ocorreu no complexo
de Umm al Qora, onde também
funciona a influente Associação
de Clérigos Muçulmanos.
"Foi uma ação dirigida contra
os sunitas", afirmou Abdul Hadi
Zubeidi, dirigente de uma das coligações da comunidade. Outro
grupo majoritariamente sunita, o
Partido Islâmico do Iraque, disse
tratar-se de "uma falta de respeito
com a religião e seus clérigos".
Segundo a versão americana, foi
preciso neutralizar "uma substancial atividade terrorista" na
mesquita, onde os soldados se
comportaram "de modo respeitoso" durante a operação.
Mas testemunhas ouvidas pela
Reuters disseram que os americanos chegaram em helicópteros,
dos quais desceram por meio de
cordas, e, em seguida, arrombaram portas e saquearam as dependências de escritórios.
Com agências internacionais
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