São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

País já registrou 15 casos de infecção em humanos; Alemanha anunciou controle mais rigoroso em suas fronteiras

Gripe aviária na Turquia alarma Europa

Murad Sezer/Associated Press
Turcas olham por janelas de casa de família na qual três pessoas morreram infectadas pelo vírus da gripe aviária, em Dogubayazit


DA REDAÇÃO

Testes preliminares constataram que, na Turquia, mais cinco pessoas foram infectadas pela cepa mortal do vírus da gripe aviária, a conhecida como H5N1.
Os novos casos, que ainda não foram confirmados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), elevaram para 15 o número de pessoas suspeitas de terem sido efetivamente infectadas pelo vírus da gripe aviária e provocaram alarme em alguns países da Europa. Desses 15 casos, quatro foram confirmados pela OMS, sendo que, em três deles, os pacientes morreram.
A informação sobre a detecção dos cinco novos casos foi revelada por um membro do Ministério da Saúde turco que não quis se identificar, segundo a agência de notícias Associated Press. Autoridades sanitárias estão preocupadas com o fato de os casos na Turquia não estarem concentrados em uma determinada região do país, mas espalhados.
Os três mortos pelo vírus da gripe aviária na Turquia foram os primeiros registrados fora do leste da Ásia. A doença, cujo vírus se transmite de aves para humanos, já matou 74 pessoas no leste e no sudeste da Ásia desde 2003.
Um funcionário da OMS disse que a probabilidade de que o vírus sofra mutações que o permitam ser transmitido entre humanos aumenta a cada vez em que um humano é infectado. "Quanto mais humanos são infectados pelo vírus da gripe aviária, mais chance ele tem de se adaptar", disse Guenael Rodier, funcionário de alto escalão da OMS para doenças transmissíveis.
Se surgir uma cepa do H5N1 transmitida entre humanos, haverá grande probabilidade de que ocorra uma pandemia.

Europa
O ministro da Agricultura da Alemanha declarou que a fiscalização de pessoas que chegam a seu país vindas de locais onde foi detectada a gripe do frango será intensificada. O ministro Horst Seehofer afirmou ainda que pessoas que forem descobertas importando ilegalmente aves, ovos ou penas serão punidas.
A forma como será intensificada a fiscalização na fronteira, disse o ministro, será discutida com outros membros do governo alemão nesta semana.
A Bulgária, que, assim como a Turquia, fica numa das rotas de migração de pássaros, proibiu a importação de aves da Turquia, da Romênia e da Macedônia -país que, por sua vez, já havia proibido a importação de frango da Turquia em outubro.

Ásia
A China anunciou, também ontem, a confirmação do sexto caso de infecção de humanos pelo vírus da gripe aviária no país.
O caso, sobre o qual não foram revelados mais detalhes, é de um menino que começou a apresentar os sintomas da doença no último dia 24 de dezembro. O governo chinês é acusado de esconder o número real de pessoas contaminadas pela gripe do frango.

Boa notícia
Uma pesquisa sueca parece ser uma das primeiras boas notícias em relação aos atuais casos de gripe aviária entre humanos. Segundo Anna Thorson e seus colegas da Universidade Karolinska, em Estocolmo, tudo indica que a grande maioria das pessoas infectadas pelo vírus sofre apenas sintomas leves e se recupera com relativa rapidez.
Thorson e seus colaboradores estudaram 45 mil moradores de uma área rural do Vietnã em que a gripe aviária está dizimando as aves domésticas. Mais de 80% viviam em residências com aves, e um quarto deles havia registrado animais doentes ou mortos. Embora mais de 8.000 tenham relatado sintomas de gripe, como febre e tosse, os pesquisadores suecos calculam que só entre 650 e 750 deles realmente pegaram a versão aviária do vírus. A imensa maioria se recuperou em cerca de três dias, depois de sintomas leves.
Por outro lado, a maioria dos casos ligados à gripe do frango e registrados pela OMS foi severa, matando mais da metade dos pacientes.
Para Frederick Hayden, especialista em gripe aviária da Universidade da Virgínia (EUA), o estudo mostra a necessidade de fazer testes sangüíneos amplos na Ásia, já que o grupo sueco não provou que as pessoas infectadas realmente tiveram gripe aviária. Outros cientistas consideram que o trabalho pode ser uma indicação importante do número real de casos e da gravidade da doença na maioria deles. Em humanos, a gripe aviária poderia se espalhar com mais facilidade, mas seria menos grave, dizem.

Com agências internacionais


Texto Anterior: Iraque sob tutela: Homens-bomba matam 29 em cerimônia em Bagdá
Próximo Texto: Ásia: Aborto de fetos femininos foi maciço na Índia, diz estudo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.