São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

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Petrobras não muda planos; "petróleo não dá em país calmo", diz Gabrielli

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse ontem que a nacionalização de empresas de energia e telecomunicações na Venezuela "não altera em nada as discussões" de projetos conjuntos com a estatal venezuelana PDVSA. O executivo afirmou ainda que o risco político é algo inerente à indústria do petróleo.
"Continuamos a discutir com a PDVSA os diversos projetos que temos interesse. Acreditamos que isso não altera em nada as discussões sobre os projetos na Venezuela."
Gabrielli não descartou a possibilidade de as negociações culminarem em investimentos no país vizinho. "Hoje a Petrobras está discutindo vários projetos novos. A Petrobras não tem novos investimentos ainda, mas pode ter", disse.
Para o executivo, o risco político faz parte do cotidiano da atividade petrolífera. "Não há petróleo em lugar calmo no mundo. Se formos investir no Iraque, no Irã, na China, na Líbia, na Nigéria, em Angola ou em qualquer país do mundo, existem problemas. Petróleo não dá em país muito calmo. Os problemas geopolíticos são naturais na indústria."
Gabrielli disse ainda não ter se surpreendido com o anúncio do presidente Hugo Chávez de retomar o controle de uma empresa de energia e de outra de telecomunicações.
"O presidente Chávez vem anunciando que vai aumentar o controle do Estado sobre as riquezas. Não é surpresa para ninguém", afirmou.
Ainda assim, o presidente da estatal brasileira disse acreditar que não haverá nenhuma mudança no marco regulatório do setor petrolífero. "A estrutura legal da Venezuela, em termos das condições de negócios, estão dadas. As pessoas aceitam o risco ou não."
No ano passado, o governo Chávez já havia revisto os modelos de contratos com companhias estrangeiras e exigido a constituição de empresas mistas, controladas pela PDVSA, com ao menos 51% das ações. A Petrobras teve de se enquadrar: opera seis blocos na Venezuela, cujas sociedades foram transformadas em empresas mistas.
A estatal brasileira e a PDVSA estudam 13 projetos conjuntos, que, se saírem do papel, vão consumir investimentos de US$ 10 bilhões. Os mais audaciosos são o projeto de produção de gás de Mariscal Sucre (US$ 3 bilhões), o de desenvolvimento das reservas de óleo ultrapesado na faixa do rio Orinoco e a refinaria em Pernambuco (US$ 2 bilhões).
Gabrielli inaugurou ontem o novo navio-plataforma de produção de óleo Cidade do Rio de Janeiro, instalado na bacia de Campos.


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