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Petrobras não muda planos; "petróleo não dá em país calmo", diz Gabrielli
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Petrobras,
José Sérgio Gabrielli, disse ontem que a nacionalização de
empresas de energia e telecomunicações na Venezuela "não
altera em nada as discussões"
de projetos conjuntos com a estatal venezuelana PDVSA. O
executivo afirmou ainda que o
risco político é algo inerente à
indústria do petróleo.
"Continuamos a discutir com
a PDVSA os diversos projetos
que temos interesse. Acreditamos que isso não altera em nada as discussões sobre os projetos na Venezuela."
Gabrielli não descartou a
possibilidade de as negociações
culminarem em investimentos
no país vizinho. "Hoje a Petrobras está discutindo vários projetos novos. A Petrobras não
tem novos investimentos ainda, mas pode ter", disse.
Para o executivo, o risco político faz parte do cotidiano da
atividade petrolífera. "Não há
petróleo em lugar calmo no
mundo. Se formos investir no
Iraque, no Irã, na China, na Líbia, na Nigéria, em Angola ou
em qualquer país do mundo,
existem problemas. Petróleo
não dá em país muito calmo. Os
problemas geopolíticos são naturais na indústria."
Gabrielli disse ainda não ter
se surpreendido com o anúncio
do presidente Hugo Chávez de
retomar o controle de uma empresa de energia e de outra de
telecomunicações.
"O presidente Chávez vem
anunciando que vai aumentar o
controle do Estado sobre as riquezas. Não é surpresa para
ninguém", afirmou.
Ainda assim, o presidente da
estatal brasileira disse acreditar que não haverá nenhuma
mudança no marco regulatório
do setor petrolífero. "A estrutura legal da Venezuela, em termos das condições de negócios,
estão dadas. As pessoas aceitam o risco ou não."
No ano passado, o governo
Chávez já havia revisto os modelos de contratos com companhias estrangeiras e exigido a
constituição de empresas mistas, controladas pela PDVSA,
com ao menos 51% das ações. A
Petrobras teve de se enquadrar:
opera seis blocos na Venezuela,
cujas sociedades foram transformadas em empresas mistas.
A estatal brasileira e a
PDVSA estudam 13 projetos
conjuntos, que, se saírem do
papel, vão consumir investimentos de US$ 10 bilhões. Os
mais audaciosos são o projeto
de produção de gás de Mariscal
Sucre (US$ 3 bilhões), o de desenvolvimento das reservas de
óleo ultrapesado na faixa do rio
Orinoco e a refinaria em Pernambuco (US$ 2 bilhões).
Gabrielli inaugurou ontem o
novo navio-plataforma de produção de óleo Cidade do Rio de
Janeiro, instalado na bacia de
Campos.
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