DO "FINANCIAL TIMES"

Após sua posse hoje, Hugo Chávez rumará para a Nicarágua, onde assistirá à posse do sandinista Daniel Ortega e deverá anunciar um pacote de ajuda econômica ao aliado. O pacote, detalhado há poucos dias pelo embaixador venezuelano em Manágua, envolverá máquinas agrícolas, infra-estrutura energética e combustíveis, além de projetos de educação, saúde e habitação.
Ortega, que comandou uma revolução em 1979 e depois um governo combatido por todos os meios pelos Estados Unidos, assumirá a Presidência depois de quase 17 anos fora do poder.
O governo norte-americano vem tentando retratar a situação de maneira positiva. Em recente viagem a Manágua, Tom Shannon, secretário assistente de Estado para a América Latina, disse que "nós nos aproximaremos mais da Nicarágua".
No entanto, é difícil disfarçar o revés que o retorno de Ortega representa para os EUA na região. "O triunfo do comandante Ortega representa evidentemente uma derrota para a política externa de Bush", diz o embaixador venezuelano.
Chávez vem acompanhando com atenção a volta de Ortega. Na campanha presidencial nicaragüense do ano passado, ele fez sentir sua presença por meio da oferta de petróleo a preços favoráveis à Associação Nicaragüense de Prefeitos, dominada pelos sandinistas.
"Ao longo dos próximos cinco anos, a Nicarágua sentirá os efeitos da verdadeira cooperação baseada em solidariedade, e não em comércio e especulação... queremos infectar a América Latina com o nosso modelo", disse Miguel Gómez.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, não irá à posse de Ortega. O governo será representado pelo assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia.


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