São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Resultado evidencia força de senadora na base democrata

Hillary teve os melhores resultados entre eleitores de baixa renda e sem diploma

Maioria dos que votaram na ex-primeira-dama preferia marido; entre republicanos, McCain abocanhou votos dos descontentes com Bush

DA REDAÇÃO

A vitória de Hillary Clinton na primária democrata em New Hampshire pode ter sido uma surpresa, mas confirmou uma tendência já conhecida: sua primazia sobre o eleitor da base tradicional democrata. Entre outras coisas, a senadora foi a campeã entre os eleitores de renda mais baixa e entre os com menor grau de instrução. Todo os números são de pesquisa divulgada pelo "New York Times".
Segundo o jornal, 47% dos participantes da primária democrata que recebem menos de US$ 50 mil por ano votaram em Hillary e 32% em seu principal rival, Barack Obama.
Entre os participantes com renda superior a US$ 50 mil, que foram 68% do total, a vantagem se inverte: Obama obteve 40% e Hillary, 35%.
Os eleitores que têm nível superior completo -54% dos democratas que votaram em New Hampshire- favoreceram Obama. Entre eles, o senador obteve 39% dos votos, contra 34% de Hillary. Mas os eleitores que não possuem diploma universitário preferiram a senadora: 43% votaram nela.
"Assim como a de Bill Clinton, a base de apoio de Hillary entre esse eleitorado democrata mais tradicional é muito organizada e bastante representativa", afirmou à Folha o analista político Alexander Keyssar, da Universidade Harvard. "Ela também tem vantagem no segmento dos trabalhadores sindicalizados, especialmente os professores."

Mulheres e jovens
O voto feminino somou 57% entre os democratas em New Hampshire. Há dúvidas sobre a influência do gênero dos candidatos na escolha do público, mas o fato é que 46% das mulheres preferiram Hillary e só 34% votaram em Obama. Já no voto masculino, Obama chegou em primeiro, com 40% da preferência, contra 29% de Hillary.
Outro público que mostrou favorecer Obama -assim como já havia feito em Iowa- é o eleitorado jovem. Na faixa de eleitores de 18 a 24 anos, 60% votaram no senador. A ex-primeira-dama obteve a maior vantagem nas faixas de 40 a 49 anos (44% dos votos, contra 33% de Obama) e de maiores de 65 anos (48%, contra 32% de Obama).
Os que votaram pela primeira vez também se inclinam a favor do senador por Illinois. Cerca de 47% dos eleitores de primeira viagem votaram em Obama; Hillary obteve 37%.
Os números indicam ainda que muitos eleitores de Obama não o apóiam por completo. Entre os 23% de eleitores que concordaram com a afirmação "eu gosto do meu candidato, mas com reservas", 41% votaram em Obama, o maior índice. Já entre os 73% dos eleitores que concordaram com a frase "eu apóio fortemente meu candidato", a maior porcentagem -40%- votou em Hillary.
Um dado significativo foi o resultado à pergunta "se Bill Clinton fosse candidato, em quem você votaria?". Entre os 37% que trocariam seu candidato por Bill Clinton, a maior porcentagem, 58%, hoje vota em Hillary. Outros 24% dos que prefeririam o marido da senadora são eleitores de Obama e 14% de John Edwards.
Para Keyssar, o fator Bill Clinton é o que leva Hillary adiante e o que pode derrubá-la. "Ao mesmo tempo em que ele transfere a ela grande parte de seu eleitorado, há muitos americanos que rejeitam a ex-primeira-dama porque não querem a volta dos Clinton à Casa Branca." E ainda não está claro qual grupo prevalecerá.

Republicanos
Menos indicativos de tendências do que os números democratas, os resultados da pesquisa para os republicanos mostram a vantagem do candidato vitorioso, o senador John McCain, em praticamente todas as categorias de eleitores.
Ficou patente, porém, que ele é o candidato da mudança. McCain obteve as maiores porcentagens de apoio entre os eleitores republicanos que se disseram insatisfeitos (41%) e até irritados (37%) com o governo atual. Para os que estão satisfeitos com Bush, o candidato favorito é Mitt Romney. (ANDREA MURTA)


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