São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Bush diz ser contra colônias israelenses

Em visita a Israel, americano se opõe a assentamentos "ilegais"; premiê israelense concorda, mas cita como exceção Jerusalém

Diálogo de surdos continua hoje, quando Bush pedirá a Abbas o fim dos ataques a partir de Gaza, feitos pelo radical islâmico Hamas

DA REDAÇÃO

No primeiro dia de sua visita ao Oriente Médio, o presidente George W. Bush afirmou ontem em Israel que "devem desaparecer" os assentamentos ilegais israelenses na Cisjordânia. O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, concordou e disse que respeitará o compromisso de desmantelar essas colônias "ilegítimas".
Mas pouco depois Olmert afirmou que, "precisamos deixar claro que continuaremos a construir [domicílios para judeus] em Jerusalém oriental e nos maiores assentamentos da Cisjordânia, que esperamos manter depois de um acordo de paz [com os palestinos]".
A impressão de não haver nada de novo estava aparentemente em contradição com declarações da secretária de Estado, Condoleezza Rice, publicadas pelo "Jerusalém Post".
Ela afirmou que a construção por Israel em terrenos de Jerusalém oriental reivindicados pelos palestinos não condiz com a posição americana. Ao ser indagada ontem se Washington havia endurecido sua posição, Rice foi bem mais amena.
"O importante é saber que não poderemos continuar a discutir aquilo que pertence a Israel ou aquilo que não pertence. Muitas coisas importantes aconteceram depois do armistício de 1949 e dos acontecimentos de 1967 [a Guerra dos Seis Dias]. Tudo isso será resolvido num acordo."
A ambigüidade americana será objeto de cobrança do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, com quem Bush deve se encontrar hoje, em Ramallah.
Israel autorizou em dezembro a construção de 300 novos domicílios em Har Homa, Jerusalém oriental, pouco depois da conferência de Annapolis, em que negociações com os palestinos foram desencadeadas com o patrocínio americano.
Abbas afirmou que a expansão de Har Homa era indício da "má-fé" do governo israelense. Ele quer que o futuro Estado palestino tenha como capital o setor oriental de Jerusalém.
Questionado novamente sobre o tema, falando ao lado de Olmert, Bush disse que "não poderia ditar os termos de uma solução para os dois lados".

Mísseis do Hamas
O presidente americano disse que perguntaria hoje a Abbas o que tem feito para conter os disparos, a partir de Gaza, de mísseis de fabricação doméstica que atingem o território israelense. "Os territórios palestinos não podem ser um santuário para terroristas", disse.
Sem que esses disparos cessem, afirmou por sua vez Olmert, não há chance de acordo de paz. A questão, no entanto, é que Abbas não tem poderes em Gaza, território conquistado militarmente em junho por seus rivais do grupo radical islâmico Hamas. Ainda ontem foram lançados 13 foguetes. Dois deles atingiram casas em Sderot, cidade israelense próxima à fronteira com Gaza. Em resposta, Israel disparou contra três militantes, matando um e deixando seis feridos.


Com agências internacionais


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