São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

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ÁSIA

Companhias estrangeiras e chinesas poderão criar empresas conjuntas de TV e cinema num mercado em rápido crescimento

China libera participação externa na mídia

MURE DICKIE
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM

A China revogou sua proibição ao investimento estrangeiro em produtoras de cinema e televisão do país. A medida faz parte de um pacote de reformas que busca revitalizar todo o setor de mídia, até agora dominado pelo Estado.
A possibilidade de envolvimento direto na produção de televisão e cinema será altamente interessante para grupos de mídia estrangeiros, sedentos por uma participação maior no mercado chinês, em rápido crescimento. A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,3 bilhão de habitantes.
O órgão estatal que regula o mercado de TV, música e rádio também estimulará empresas chinesas da área a investir no exterior e a "trabalhar sério" para garantir uma participação no mercado global de televisão.
As novas regras realçam a determinação de Pequim de tornar mais competitivas as organizações de mídia nacionais, desde jornais até emissoras de TV, que até agora foram administradas como braços do Estado e do Partido Comunista.
Sob a nova política, empresas estrangeiras "fortes e influentes" poderão adquirir participações minoritárias em produtoras chinesas, disse Zhu Hong, da Administração Estatal do Rádio, Cinema e Televisão (AERCT).
"No passado, permitíamos que empresas estrangeiras e nacionais trabalhassem juntas apenas em programas de cinema e televisão", disse Zhu, para quem a mudança de orientação indica uma liberalização importante. Empresas nacionais e estrangeiras poderão criar companhias conjuntas.
Pequim espera que um aumento marcante no envolvimento do setor privado no ramo da televisão melhore a qualidade e a quantidade do conteúdo produzido para o mercado local.
Empresas privadas chinesas também serão autorizadas a desenvolver conjuntamente canais pagos, numa reforma que visa ajudar a atrair os investimentos necessários para financiar os ambiciosos planos de Pequim para a ampliação dos serviços de televisão paga e televisão digital.
O controle estatal sobre a produção de TV foi liberalizado no ano passado, quando a AERCT decidiu que empresas privadas poderiam produzir seriados de TV sem o controle de uma estatal.
As empresas estrangeiras também podem prever beneficiar-se do aumento na demanda por seu conteúdo, na medida em que Zhu anunciou o relaxamento das restrições à quantidade de filmes e programas de TV estrangeiros que poderão ser exibidos no país.
Mas é provável que as oportunidades para empresas estrangeiras na TV chinesa sejam limitadas. No momento, Pequim permite a operação de 31 canais estrangeiros, mas apenas para hotéis com mais de três estrelas ou complexos residenciais pré-aprovados.
Um punhado de canais pertencentes a empresas estrangeiras, como News Corporation e Viacom, recebeu "direitos de entrada" na Província de Guangdong, no sul da China. As emissoras estão ansiosas para atingir o público de outras partes do país.


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