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Trauma afeta 1 milhão em Israel
MARCELO STAROBINAS
especial para a Folha
Quase 60 anos depois do início
da Segunda Guerra Mundial, o Holocausto continua a afetar grande
parte dos judeus. Em Israel, 1 em
cada 4 habitantes -um universo
de mais de 1 milhão de pessoas-
apresenta sintomas decorrentes
dos traumas psicológicos herdados dos campos de concentração.
Essa estimativa é feita por Shalom Litman, 64, psiquiatra e ex-presidente da Sociedade Israelense
de Psicanálise, especializado no
atendimento a sobreviventes do
Holocausto e a seus filhos (a chamada "segunda geração").
Segundo ele, há hoje no país algo
em torno de 300 mil sobreviventes.
Seus filhos e netos, que, comprovadamente, recebem abalo emocional indireto, completam a população prevista na estimativa.
Nos anos 60, afirma Alberto Milgram, do Museu do Holocausto de
Jerusalém, metade da população
de Israel sofria o impacto da barbárie nazista.
Nos últimos anos, estudos psicológicos com os sobreviventes
apontaram um quadro de doenças
e sintomas de origem emocional
comuns à maior parte deles. "Eles
sofrem até hoje de insônia, sonhos
aterrorizadores, depressão, ansiedade e tremores", conta Litman.
"Além disso, costumam ter muitas doenças psicossomáticas, principalmente em nível gastrointestinal, assim como dores de cabeça,
enjôos, dores em todo o corpo e
sintomas cardíacos."
Uma pesquisa comparou famílias de sobreviventes com outras
que não haviam estado na Europa.
Segundo Litman, os resultados
mostraram que aqueles que estiveram nos campos são mais ansiosos, agressivos e superprotetores
com suas crianças.
"Eles acham que qualquer doença pode ser um perigo de vida a
seus filhos", explica o psiquiatra.
"As crianças da segunda geração
tiveram conflitos com seus colegas
de escola. Há um impacto psicológico proveniente do trauma dos
pais que se transmite aos filhos."
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