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CULINÁRIA DE GUERRA
TVs americanas tentam comprar rações especiais francesas para soldados
França bate EUA na cozinha militar
JOHN LICHFIELD
DO "THE INDEPENDENT", EM PARIS
As redes de TV americanas
podem estar cheias de notícias
pouco lisonjeiras sobre a falta de
espírito bélico dos franceses,
mas o desdém não se estende à
rejeição das rações militares
francesas.
Na Guerra do Golfo e nos Bálcãs, os correspondentes americanos criaram intenso desprezo
pelas MRE (rações servidas aos
soldados) oferecidas aos combatentes dos EUA. Descobriram, por meio de trocas com colegas da França, que o equivalente francês tinha qualidade
notável. Com a iminência de
uma segunda guerra no golfo,
uma das três grandes redes de
TV americanas tenta persuadir
a França fornecer refeições no
atacado para seus correspondentes e técnicos em campanha.
Sem resultados, ao que parece.
O Ministério da Defesa em Paris
se recusou a fornecer a comida,
alegando que isso poderia implicar apoio clandestino à aventura militar americana que a
França desaprova oficialmente.
As rações francesas consistem
de um pacote de 1,5 kg, o suficiente para alimentar uma pessoa por um dia (três refeições).
O café da manhã traz pão seco e
café instantâneo. O almoço e o
jantar são selecionados entre 14
diferentes cardápios. A entrada
pode ser um patê de salmão ou
uma sopa de legumes. O prato
principal pode ser salmão com
arroz e legumes, paelha, tajine
de frango (um prato marroquino) ou cozido de carneiro.
O porta-voz do Ministério de
Defesa da França é um oficial do
Exército e comeu muitas dessas
refeições quando serviu na Bósnia. "São de fato pratos deliciosos, e colegas de outros países tinham muita inveja."
Em contraste, o Programa de
Alimentação da Defesa do Pentágono, em Massachussets, inventou o que chama de "sanduíche indestrutível", espécie de
enroladinho de frango que pode
ser armazenado por três anos
em temperatura ambiente e lançado por helicópteros.
Há um livro esperando autor
quanto às rações de combate.
Você sabia que as hordas mongóis recebiam canudos afiados
para sugar o sangue de seus cavalos em caso de escassez de comida? Ou que as batatas fritas
foram desenvolvidas pela Grande Armée de Napoleão como
forma rápida de alimentar soldados em campanha?
O Pentágono alega ter progredido quanto à qualidade de suas
MRE desde a Guerra do Golfo
(1991), quando a refeição consistia de salsichas defumadas
conhecidas pelos soldados como "os quatro dedos da morte".
Gerard Dasch, diretor do Programa de Alimentação da Defesa, disse à revista "Fortune" que
fora forçado a melhorar os cardápios devido a cartas insultuosas recebidas de soldados.
As MREs norte-americanas
agora têm 24 opções de cardápio e incluem fetuccine Alfredo,
galinha à tailandesa e frutos do
mar. Os correspondentes norte-americanos em breve poderão
provar por si mesmos. E Paris
está desperdiçando a oportunidade de reaquecer as atitudes
dos jornalistas dos EUA quanto
a tudo o que vem da França.
Tradução de Paulo Migliacci
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