São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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Em festa, diplomatas tratam de Oriente Médio, Coréia do Norte e UE

DO ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

A presença de mais de 50 líderes políticos mundiais deu lugar a uma intensa movimentação diplomática ontem, em Moscou, à margem das comemorações do 60º aniversário da derrota nazista na Segunda Guerra Mundial.
Assim, o Quarteto -do qual fazem parte a ONU, a Rússia, os EUA e a União Européia (UE)- saudou a decisão do premiê de Israel, Ariel Sharon, de pôr fim à presença israelense na faixa de Gaza e de retirar colônias judaicas de algumas áreas da Cisjordânia. Contudo exortou Sharon a levar a cabo seu plano de entregar toda a faixa de Gaza aos palestinos.
Em outra movimentação diplomática considerada importante por analistas, a China e a Coréia do Sul instaram a Coréia do Norte a voltar às negociações sobre seu programa nuclear e a abandonar sua intenção de produzir armas nucleares.
Além disso, a Rússia e a União Européia terão hoje uma importante reunião de cúpula, na qual poderá ser anunciado um estreitamento das relações econômicas. O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, afirmou ontem esperar que os laços bilaterais possam ser reforçados no futuro. Questionado, todavia, sobre a situação política atual da Rússia, ele declarou que os europeus esperam que a "retórica russa seja traduzida em ações".
As restrições às liberdades democráticas na Rússia também preocupam os EUA. Nos últimos dois dias, o presidente George W. Bush conversou com seu colega russo e expressou essa inquietação. Para a analista política Lilia Shevtsova, no entanto, a retórica americana relativamente dura em relação a Moscou não significa que haverá um distanciamento entre os dois países.
"Bush quer ficar para a história como um defensor da democracia, não como um senhor da guerra. Mas ele sabe que a comunidade internacional precisa do apoio da Rússia em questões delicadas, como o combate ao terrorismo internacional e à proliferação de armas de destruição em massa. Não veremos, portanto, um real confronto entre as duas superpotências da Guerra Fria", explicou Shevtsova à Folha.
As comemorações do 9 de Maio ocorreram, segundo ela, num momento em que a Rússia vem perdendo parte de sua influência numa região que era seu "quintal", o Leste Europeu. "No ano passado, oito países que faziam parte do bloco comunista entraram na União Européia, e, nos últimos dois anos, ao menos três ex-repúblicas soviéticas escaparam à influência russa", indicou a analista, referindo-se à Geórgia, à Ucrânia e à Moldova.
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, boicotou as festividades de ontem por conta de uma disputa sobre a existência de duas bases russas no país. Recentemente, Putin declarou que pretende retirar seus militares da Geórgia em breve, mas ressaltou que isso tem de ser bem planejado. O país é a próxima etapa da visita de Bush à Europa.
Já o presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, que foi às comemorações em Moscou, não esconde que, a médio prazo, pretende ver seu país como membro da UE. Kiev, a capital ucraniana, é o berço da civilização russa. (MSM)


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