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Em festa, diplomatas tratam de Oriente Médio, Coréia do Norte e UE
DO ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
A presença de mais de 50 líderes
políticos mundiais deu lugar a
uma intensa movimentação diplomática ontem, em Moscou, à
margem das comemorações do
60º aniversário da derrota nazista
na Segunda Guerra Mundial.
Assim, o Quarteto -do qual fazem parte a ONU, a Rússia, os
EUA e a União Européia (UE)-
saudou a decisão do premiê de Israel, Ariel Sharon, de pôr fim à
presença israelense na faixa de
Gaza e de retirar colônias judaicas
de algumas áreas da Cisjordânia.
Contudo exortou Sharon a levar a
cabo seu plano de entregar toda a
faixa de Gaza aos palestinos.
Em outra movimentação diplomática considerada importante
por analistas, a China e a Coréia
do Sul instaram a Coréia do Norte
a voltar às negociações sobre seu
programa nuclear e a abandonar
sua intenção de produzir armas
nucleares.
Além disso, a Rússia e a União
Européia terão hoje uma importante reunião de cúpula, na qual
poderá ser anunciado um estreitamento das relações econômicas.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso,
afirmou ontem esperar que os laços bilaterais possam ser reforçados no futuro. Questionado, todavia, sobre a situação política atual
da Rússia, ele declarou que os europeus esperam que a "retórica
russa seja traduzida em ações".
As restrições às liberdades democráticas na Rússia também
preocupam os EUA. Nos últimos
dois dias, o presidente George W.
Bush conversou com seu colega
russo e expressou essa inquietação. Para a analista política Lilia
Shevtsova, no entanto, a retórica
americana relativamente dura em
relação a Moscou não significa
que haverá um distanciamento
entre os dois países.
"Bush quer ficar para a história
como um defensor da democracia, não como um senhor da guerra. Mas ele sabe que a comunidade internacional precisa do apoio
da Rússia em questões delicadas,
como o combate ao terrorismo
internacional e à proliferação de
armas de destruição em massa.
Não veremos, portanto, um real
confronto entre as duas superpotências da Guerra Fria", explicou
Shevtsova à Folha.
As comemorações do 9 de Maio
ocorreram, segundo ela, num
momento em que a Rússia vem
perdendo parte de sua influência
numa região que era seu "quintal", o Leste Europeu. "No ano
passado, oito países que faziam
parte do bloco comunista entraram na União Européia, e, nos últimos dois anos, ao menos três ex-repúblicas soviéticas escaparam à
influência russa", indicou a analista, referindo-se à Geórgia, à
Ucrânia e à Moldova.
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, boicotou as festividades de ontem por conta de
uma disputa sobre a existência de
duas bases russas no país. Recentemente, Putin declarou que pretende retirar seus militares da
Geórgia em breve, mas ressaltou
que isso tem de ser bem planejado. O país é a próxima etapa da visita de Bush à Europa.
Já o presidente da Ucrânia, Viktor Yushchenko, que foi às comemorações em Moscou, não esconde que, a médio prazo, pretende
ver seu país como membro da UE.
Kiev, a capital ucraniana, é o berço da civilização russa.
(MSM)
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