São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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Rússia exibe poderio militar e adverte contra "aventuras"

Medvedev comanda maior desfile das Forças Armadas no país desde o fim da Guerra Fria

Cerimônia, que lembra vitória na Segunda Guerra, ocorre em momento de recrudescimento de tensões com vizinha Geórgia e Otan


Sergey Ponomarev/Associated Press
Soldados russos participam de desfile militar em Moscou

DA REDAÇÃO

Em meio ao ressurgimento das tensões com a vizinha Geórgia, a Rússia celebrou ontem o 64º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista com o maior desfile militar desde o fim da Guerra Fria, há 20 anos, e ameaçou responder com vigor a "qualquer agressão".
"A vitória sobre o fascismo é um exemplo e uma lição para todo o mundo, que é atual no momento em que alguns estão dispostos a iniciar um conflito militar", disse o presidente Dmitri Medvedev no discurso que abriu a parada na Praça Vermelha, em Moscou.
Discursando na tribuna de honra ao lado do antecessor, aliado e atual premiê Vladimir Putin, o presidente Medvedev advertiu que retaliará à altura contra quem "se arriscar em aventuras militares".
Enquanto caças e helicópteros de última geração faziam rasantes sobre a cidade, dezenas de blindados desfilavam na praça. Alguns dos veículos carregavam os mísseis mais modernos das forças russas.
Refletindo pesquisas recentes, segundo as quais 70% dos russos gostam de desfiles militares, dezenas de milhares de pessoas acompanharam as comemorações do Dia da Vitória.
"Esta parada mostra que temos pessoas para defender nossa pátria-mãe. Devemos nos orgulhar de ter outra vez um Exército forte", disse um veterano da histórica batalha de Stalingrado, que selou o início da derrocada nazista.
Ao menos 9.000 soldados participaram das comemorações de ontem, tidas como uma demonstração de força claramente direcionada ao governo da Geórgia, ex-república soviética que foi pivô da última guerra em que a Rússia se envolveu.
O conflito começou em agosto do ano passado, quando o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, enviou tropas para ocupar a região da Ossétia do Sul, que, por pactos internacionais, estava desde 1992 sob a tutela da Rússia.
Em resposta, os russos retomaram a região, ocupando a também pró-Moscou Abkházia e parte do território georgiano.
A guerra, na qual Moscou obteve uma vitória arrasadora, terminou graças à mediação da União Europeia, que pressionou as partes a aceitar um plano de paz prevendo a retirada russa do território georgiano -mas em termos vagos- e o envio à região de monitores do bloco europeu.
O conflito reavivou a desconfiança entre Moscou e Washington e causou o congelamento das relações entre a Rússia e a Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos.
Tensões voltaram à tona na última quarta-feira, quando a Geórgia disse ter debelado motim em uma base militar próxima à capital Tbilisi e acusou a Rússia de estar por trás de um plano para depor o presidente Saakashvili, que vem enfrentando crescentes protestos oposicionistas. Moscou negou com veemência as alegações.
Na quinta-feira, a Otan iniciou exercícios militares na Geórgia que deverão se estender até o início de junho. As manobras causaram irritação da Rússia, que disse encarar as atividades como uma "demonstração de força" e uma manifestação de apoio a Saakashvili.


Com agências internacionais


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