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Rússia exibe poderio militar e adverte contra "aventuras"
Medvedev comanda maior desfile das Forças Armadas no país desde o fim da Guerra Fria
Cerimônia, que lembra vitória na Segunda Guerra, ocorre em momento de recrudescimento de tensões
com vizinha Geórgia e Otan
Sergey Ponomarev/Associated Press
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Soldados russos participam de desfile militar em Moscou
DA REDAÇÃO
Em meio ao ressurgimento
das tensões com a vizinha
Geórgia, a Rússia celebrou ontem o 64º aniversário da vitória
sobre a Alemanha nazista com
o maior desfile militar desde o
fim da Guerra Fria, há 20 anos,
e ameaçou responder com vigor a "qualquer agressão".
"A vitória sobre o fascismo é
um exemplo e uma lição para
todo o mundo, que é atual no
momento em que alguns estão
dispostos a iniciar um conflito
militar", disse o presidente
Dmitri Medvedev no discurso
que abriu a parada na Praça
Vermelha, em Moscou.
Discursando na tribuna de
honra ao lado do antecessor,
aliado e atual premiê Vladimir
Putin, o presidente Medvedev
advertiu que retaliará à altura
contra quem "se arriscar em
aventuras militares".
Enquanto caças e helicópteros de última geração faziam
rasantes sobre a cidade, dezenas de blindados desfilavam na
praça. Alguns dos veículos carregavam os mísseis mais modernos das forças russas.
Refletindo pesquisas recentes, segundo as quais 70% dos
russos gostam de desfiles militares, dezenas de milhares de
pessoas acompanharam as comemorações do Dia da Vitória.
"Esta parada mostra que temos pessoas para defender
nossa pátria-mãe. Devemos
nos orgulhar de ter outra vez
um Exército forte", disse um
veterano da histórica batalha
de Stalingrado, que selou o início da derrocada nazista.
Ao menos 9.000 soldados
participaram das comemorações de ontem, tidas como uma
demonstração de força claramente direcionada ao governo
da Geórgia, ex-república soviética que foi pivô da última guerra em que a Rússia se envolveu.
O conflito começou em agosto do ano passado, quando o
presidente georgiano, Mikhail
Saakashvili, enviou tropas para
ocupar a região da Ossétia do
Sul, que, por pactos internacionais, estava desde 1992 sob a
tutela da Rússia.
Em resposta, os russos retomaram a região, ocupando a
também pró-Moscou Abkházia
e parte do território georgiano.
A guerra, na qual Moscou obteve uma vitória arrasadora,
terminou graças à mediação da
União Europeia, que pressionou as partes a aceitar um plano de paz prevendo a retirada
russa do território georgiano
-mas em termos vagos- e o
envio à região de monitores do
bloco europeu.
O conflito reavivou a desconfiança entre Moscou e Washington e causou o congelamento das relações entre a Rússia e a Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos Estados Unidos.
Tensões voltaram à tona na
última quarta-feira, quando a
Geórgia disse ter debelado motim em uma base militar próxima à capital Tbilisi e acusou a
Rússia de estar por trás de um
plano para depor o presidente
Saakashvili, que vem enfrentando crescentes protestos
oposicionistas. Moscou negou
com veemência as alegações.
Na quinta-feira, a Otan iniciou exercícios militares na
Geórgia que deverão se estender até o início de junho. As manobras causaram irritação da
Rússia, que disse encarar as atividades como uma "demonstração de força" e uma manifestação de apoio a Saakashvili.
Com agências internacionais
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