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Morales prega reestatização de empresas de gás
DA REDAÇÃO
Reestatização das empresas de
exploração do gás natural e nacionalização das reservas. A proposta de Evo Morales em relação ao
principal produto da pauta de exportações da Bolívia hoje é essa.
Ele sempre foi na direção contrária dos outros candidatos a
presidente, que vêem o aumento
das exportações de gás como a tábua de salvação do país.
As reservas de gás do país estão
calculadas em pouco mais de 1,5
trilhão de metros cúbicos -as
maiores da América do Sul.
O líder cocaleiro quer distribuir
o gás para todas as casas bolivianas e exportar o excedente. Com
que capital ele construiria essa rede de distribuição não está claro.
A surpresa de sua passagem para o segundo turno foi tamanha
que as respostas quanto a dúvidas
sobre seus projetos estão sendo
adiadas com o bordão: "Do protesto aos projetos".
A brasileira Petrobras é hoje a
maior empresa da Bolívia e tem a
concessão de cerca de um terço de
todas as suas reservas de gás, ou
seja, controla quase 600 milhões
de metros cúbicos.
Segundo estimativas da companhia, os bolivianos receberão cerca de US$ 300 milhões em divisas
vindas do Brasil, sendo US$ 160
milhões advindos apenas do gás.
Economistas bolivianos crêem
que o setor terá um incremento
de 18,5% em suas atividades nos
próximos anos, trazendo investimentos de US$ 1 bilhão.
Segundo estimativas oficiais,
cerca de US$ 2,5 bilhões em investimentos estrangeiros no setor
entraram na Bolívia desde 1997.
A abertura do mercado de gás
natural da Califórnia (Costa Oeste
dos EUA) está também povoando
os sonhos dos políticos.
Músico
Nascido num lugar pobre do sul
da Bolívia há 42 anos, Evo Morales teve de se mudar para a região
central do país em 1982 por causa
de uma seca. Descendente tanto
de quêchuas quanto de aymarás
-as duas etnias compõem mais
de metade da população boliviana-, foi aí, em Chapare, que ele
passou a se envolver com os movimentos pelos direitos indígenas
e a lutar contra a erradicação das
tradicionais plantações de coca.
Para sobreviver, tocava flauta
num conjunto de música folclórica, que lhe garantia comida.
O líder cocaleiro não completou
o ensino médio. Sua formação
marxista se deu dentro da militância no movimento indígena.
Ele foi eleito deputado em 1997,
recebendo 70% dos votos no Chapare, região de plantio de coca.
Naquele mesmo ano, o MAS
(Movimento ao Socialismo) venceu as eleições em 7 dos 9 municípios do Chapare. Dois anos depois de assumir sua cadeira, Morales foi cassado por quebra de
decoro parlamentar. A acusação
foi que teria incentivado a violência em conflitos de camponeses
com a polícia. Três soldados acabaram mortos nos choques.
(RU)
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