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ÁSIA
Críticos dizem que objetivo é fomentar nacionalismo
Professor japonês que se negar a cantar o hino na escola será punido
DAVID PILLING
DO "FINANCIAL TIMES"
Hiroko Arai, 59, é uma bem
educada professora de inglês que
se veste de forma conservadora
para dar aulas no colégio Komatsugawa, no leste de Tóquio. Ela
ensina crianças comportadas que
estudam com afinco para passar
nos exames e que nunca apresentam as atitudes rebeldes que estariam tomando conta do sistema
educacional japonês.
Agora, Arai sente que não tem
outra opção a não ser ensinar um
pouco de rebeldia aos alunos.
O problema que estimulou Arai
a agir também tem irritado muitos outros professores. Este ano, a
nova direção do órgão responsável pelas escolas de Tóquio determinou que os professores se postem diante da bandeira com o sol
nascente e cantem o Kimigayo
(hino nacional japonês) em eventos escolares. Além disso, a direção escolar quer que pelo menos
um membro do corpo docente
aprenda a tocar o hino no piano.
Em julho, mais de 200 professores sofreram reprimendas por se
recusar a obedecer a medida. Alguns foram despedidos e outros
receberam multas. Ontem, dezenas de professores, inclusive Arai,
foram obrigados a participar de
um seminário a portas fechadas
no qual eles foram advertidos por
falhar em obedecer ordens dadas
a funcionários públicos.
Passado
"Durante a segunda guerra, a
bandeira Hinomaru [a nacional
do Japão] e o Kimigayo se tornaram símbolos do que fizemos
[atrocidades em outros países da
Ásia]. Não posso demonstrar respeito a esses símbolos. Porém, para piorar, eu posso ser punida se
não os respeitar", afirmou Arai.
A rebelião dos professores
-composta por uma maioria silenciosa, segundo eles- se choca
com o que muitos acreditam ser
uma nova maré de crescimento
do nacionalismo no Japão. Em
1999, o Parlamento tornou oficiais tanto a bandeira Hinomaru
quanto o hino Kimigayo, que por
muitos anos raramente foram expostos publicamente por causa da
associação com a agressão japonesa durante a Segunda Guerra e
a sua subseqüente derrota.
Desde que Junichiro Koizumi se
tornou premiê em 2001, o Japão
tem debatido abertamente emendas para sua Constituição pacifista do pós-guerra, que proíbe o
país de usar a força em disputas
internacionais. O objetivo de voltar a ser um país "normal" está
evidente nas participações do Japão em operações militares internacionais de manutenção da paz,
como por exemplo no envio de
550 soldados para o Iraque.
Alguns professores consideram
a via tomada pelo Japão, com a retomada de símbolos imperiais,
parte de um movimento de lavagem cerebral da nova geração que
tem um conhecimento pequeno
do passado do país.
Já os defensores afirmam que a
retomada dos símbolos é um ato
de libertação dos colonizadores
europeus e que a punição dos
professores serve para mostrar
que o serviço público precisa ser
respeitado.
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