São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
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SEQUESTRO
Guerrilha colombiana liberta passageiros e tripulantes e nega ter sequestrado avião venezuelano
Reféns voltam à Venezuela após 11 dias

das agências internacionais

Voltaram ontem à Venezuela 8 dos 14 ocupantes do avião comercial da empresa Avior, que havia sido desviado do vôo no último dia 30. O bimotor ia de Barinas a Guasdualito, cidade na fronteira com a Colômbia.
Piloto e co-piloto já haviam voltado ao país anteontem, levando a aeronave. Os quatro passageiros que restam poderiam ser os sequestradores.
Os ocupantes estavam em poder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), maior grupo guerrilheiro do país, de orientação marxista.
A guerrilha, no entanto, nega ser responsável pelo sequestro. Ela atribui o crime a opositores ao governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Anteontem, as Farc revelaram que a aeronave estava em seu poder e anunciaram sua devolução à Venezuela. Poucas horas depois, o avião aterrissou em Guasdalito, povoado venezuelano a 600 km de Caracas.
O Exército colombiano afirma que a autoria do sequestro é do grupo guerrilheiro, que agora tenta consertar o "grave erro político". As Forças Armadas colombianas dizem ter interceptado conversas em que líderes das Farc admitiam ter desviado o avião.
Segundo o líder guerrilheiro Jorge Briceño, conhecido como Mono Jojoy, o avião foi levado por sequestradores venezuelanos ao Departamento colombiano de Arauca. Os sequestradores teriam fugido ao notar a presença de unidades das Farc na região.
Junto com o ELN (Exército de Libertação Nacional), as Farc controlam 40% do território colombiano. Os sequestros são uma forma de a guerrilha conseguir recursos para financiar suas atividades e pressionar o governo.
Segundo os reféns, os sequestradores tinham sotaque colombiano, o que reforçaria a suspeita em relação às Farc. Além disso, o piloto, Héctor Hernández, e o co-piloto, Alejandro Bigott, afirmam que tanto no ar como na terra as pessoas com que trataram foram "sempre as mesmas".
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou acreditar que o sequestro tenha sido executado por criminosos comuns de seu país, com o objetivo de vender o avião à guerrilha.
Chávez reiterou sua vontade de colaborar com o processo de paz na Colômbia, conduzido pelo presidente Andrés Pastrana, e negou ter mantido conversação com chefes guerrilheiros, mas se disse disposto a se reunir com a guerrilha caso seja necessário.
O sequestro ocorre num momento em que autoridades norte-americanas afirmam ter evidências de que a guerrilha atua em países vizinhos. No sábado, desapareceu um monomotor venezuelano. As autoridades acreditam em sequestro. Ontem, foi encontrado um Cessna, que havia desaparecido em 1º de agosto. Ele caiu num parque na Venezuela.


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