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RELIGIÃO
Pequim não autoriza viagem de João Paulo 2º porque Vaticano mantém relação com Taiwan, diz bispo
China veta visita do papa a Hong Kong
das agências internacionais
A China vetou uma visita do papa João Paulo 2º a Hong Kong,
programada para o final do ano.
O motivo seria o fato de o Vaticano ter relações diplomáticas com
Taiwan, considerada por Pequim
como uma Província rebelde.
Segundo Joseph Zen, bispo de
Hong Kong, a China "diz que o
Vaticano tem relações com Taiwan e não tem relações conosco.
Assim, uma visita desse tipo não é
conveniente". O veto chinês à visita foi interpretado como mais
uma tentativa de isolar Taiwan.
No mês passado, o governo de
Taiwan disse que negociaria com
Pequim de "Estado para Estado",
o que foi visto pelo governo chinês como uma manobra rumo à
sua independência formal. Os
dois territórios, separados em
1949, tiveram contatos iniciais
com o objetivo de reunificação.
Hong Kong era uma colônia
britânica, que foi devolvida à China em 1997. Os dois territórios foram reunificados sob a fórmula
"um país, dois sistemas". Pelo
acordo entre britânicos e chineses, Hong Kong tem direito a autonomia na política doméstica
por 50 anos, mas política externa
e defesa ficam a cargo de Pequim.
A decisão de vetar a visita foi interpretada como um sinal de que
a China está disposta a exercer seu
poder sobre Hong Kong.
Até maio, Pequim não havia interferido na administração do território, quando vetou o acesso a
Hong Kong de navios e aviões militares dos EUA, em represália ao
bombardeio da Otan à Embaixada da China em Belgrado.
"Os católicos e outras pessoas
gostariam de saber por que o papa pôde vir no passado e o que é
diferente agora. E se é realmente
verdade que nós não somos tão livres quanto éramos sob domínio
britânico", disse a deputada oposicionista Emily Lau.
A visita de João Paulo 2º a Hong
Kong seria a segunda de um papa
ao território. Em 1970, Paulo 6º
fez escala em Hong Kong, que
tem cerca de 250 mil católicos.
O governo do território afirmou
que "só seria apropriado discutir
a visita depois de Pequim e do Vaticano terem resolvido questões
relevantes". A chancelaria chinesa
emitiu comunicado considerando a ida do papa a Hong Kong
"complicada" por causa das relações entre o Vaticano e Taiwan.
A polêmica entre China e Vaticano pode ser retomada, se o papa for a Macau. O convite foi feito
pela colônia portuguesa, que será
devolvida à China em 20 de dezembro. A autorização para a visita só depende de Portugal.
A Ásia é o continente onde a
Igreja Católica tem menor penetração. A China tolera o culto católico, mas não aceita a submissão
de religiosos ao Vaticano.
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