São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
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RELIGIÃO
Pequim não autoriza viagem de João Paulo 2º porque Vaticano mantém relação com Taiwan, diz bispo
China veta visita do papa a Hong Kong

das agências internacionais

A China vetou uma visita do papa João Paulo 2º a Hong Kong, programada para o final do ano. O motivo seria o fato de o Vaticano ter relações diplomáticas com Taiwan, considerada por Pequim como uma Província rebelde.
Segundo Joseph Zen, bispo de Hong Kong, a China "diz que o Vaticano tem relações com Taiwan e não tem relações conosco. Assim, uma visita desse tipo não é conveniente". O veto chinês à visita foi interpretado como mais uma tentativa de isolar Taiwan.
No mês passado, o governo de Taiwan disse que negociaria com Pequim de "Estado para Estado", o que foi visto pelo governo chinês como uma manobra rumo à sua independência formal. Os dois territórios, separados em 1949, tiveram contatos iniciais com o objetivo de reunificação.
Hong Kong era uma colônia britânica, que foi devolvida à China em 1997. Os dois territórios foram reunificados sob a fórmula "um país, dois sistemas". Pelo acordo entre britânicos e chineses, Hong Kong tem direito a autonomia na política doméstica por 50 anos, mas política externa e defesa ficam a cargo de Pequim.
A decisão de vetar a visita foi interpretada como um sinal de que a China está disposta a exercer seu poder sobre Hong Kong.
Até maio, Pequim não havia interferido na administração do território, quando vetou o acesso a Hong Kong de navios e aviões militares dos EUA, em represália ao bombardeio da Otan à Embaixada da China em Belgrado.
"Os católicos e outras pessoas gostariam de saber por que o papa pôde vir no passado e o que é diferente agora. E se é realmente verdade que nós não somos tão livres quanto éramos sob domínio britânico", disse a deputada oposicionista Emily Lau.
A visita de João Paulo 2º a Hong Kong seria a segunda de um papa ao território. Em 1970, Paulo 6º fez escala em Hong Kong, que tem cerca de 250 mil católicos.
O governo do território afirmou que "só seria apropriado discutir a visita depois de Pequim e do Vaticano terem resolvido questões relevantes". A chancelaria chinesa emitiu comunicado considerando a ida do papa a Hong Kong "complicada" por causa das relações entre o Vaticano e Taiwan.
A polêmica entre China e Vaticano pode ser retomada, se o papa for a Macau. O convite foi feito pela colônia portuguesa, que será devolvida à China em 20 de dezembro. A autorização para a visita só depende de Portugal.
A Ásia é o continente onde a Igreja Católica tem menor penetração. A China tolera o culto católico, mas não aceita a submissão de religiosos ao Vaticano.


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