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TRAGÉDIA NOS EUA
Resgate acha menos corpos que o previsto, e expectativa de 10 mil mortos pode ser exagero, dizem autoridades
Buscas reduzem estimativa de mortes
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS
À medida que as águas da enchente em Nova Orleans começam a baixar, as casas vazias mostravam ontem que as previsões
mais pessimistas de milhares de
mortos podem estar equivocadas.
"Algumas das estimativas catastróficas podem não se confirmar", disse o coronel Terry Ebbert, responsável pela segurança
da cidade, referindo-se à previsão
do prefeito Ray Nagin -mais de
10 mil mortos. Ele não deu uma
previsão sobre o total de vítimas.
Parte da energia elétrica foi restaurada no distrito comercial. Segundo as autoridades municipais,
o aeroporto local será reaberto
para vôos comerciais no dia 19.
As poucas pessoas que restaram
nas ruas de Nova Orleans, ricos e
pobres, começam a reclamar da
presença de tropas, dez dias após
o Katrina lançar a cidade no caos
de saques, estupros e tiroteios.
"Tive essas M-16 apontadas para a minha cabeça quatro vezes
ontem à noite. Isso é uma ocupação. O que fez sentido há uma semana atrás está se tornando um
problema. Temos de deixar as
pessoas reconstruírem a cidade",
disse o jornalista e produtor cultural Nick Spitzer em frente à sua
casa, numa das áreas mais caras
-e secas- da cidade.
Sua casa não foi atingida pela
inundação e está intacta, apenas
com algumas árvores caídas na
frente e uns galhos amontoados
em frente à garagem. "Não tenho
energia, mas meu celular funciona, há água, comida, tudo. Prefiro
ficar e ajudar", afirmou.
Para Spitzer, todo o aparato policial agora é só para que o presidente George W. Bush consiga
tentar apagar a má imagem construída logo após a passagem do
furacão, quando a ausência do governo deixou toda a costa do golfo
sem ajuda nos momentos críticos.
Mas, se depender do que as imagens de TV começaram a mostrar
ontem, a situação de Bush só tende a piorar. De manhã, a CNN exibia insistentemente a cena de
uma velhinha, a mão trêmula segurando um revólver, sendo derrubada por policiais em sua casa.
O jornalista que captou a cena
andava à tarde pelas ruas de Nova
Orleans, quando a polícia estava à
procura de mais gente escondida
em suas casas. "Foi o pior que vi
até agora", afirmou Dan Simon.
A CNN relatou também que começará amanhã um trabalho da
Força Aérea de pulverização para
combater a contaminação da
água que inundou a cidade.
Com agências internacionais
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