São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2005

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TRAGÉDIA NOS EUA

Resgate acha menos corpos que o previsto, e expectativa de 10 mil mortos pode ser exagero, dizem autoridades

Buscas reduzem estimativa de mortes

PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS

À medida que as águas da enchente em Nova Orleans começam a baixar, as casas vazias mostravam ontem que as previsões mais pessimistas de milhares de mortos podem estar equivocadas. "Algumas das estimativas catastróficas podem não se confirmar", disse o coronel Terry Ebbert, responsável pela segurança da cidade, referindo-se à previsão do prefeito Ray Nagin -mais de 10 mil mortos. Ele não deu uma previsão sobre o total de vítimas.
Parte da energia elétrica foi restaurada no distrito comercial. Segundo as autoridades municipais, o aeroporto local será reaberto para vôos comerciais no dia 19.
As poucas pessoas que restaram nas ruas de Nova Orleans, ricos e pobres, começam a reclamar da presença de tropas, dez dias após o Katrina lançar a cidade no caos de saques, estupros e tiroteios.
"Tive essas M-16 apontadas para a minha cabeça quatro vezes ontem à noite. Isso é uma ocupação. O que fez sentido há uma semana atrás está se tornando um problema. Temos de deixar as pessoas reconstruírem a cidade", disse o jornalista e produtor cultural Nick Spitzer em frente à sua casa, numa das áreas mais caras -e secas- da cidade.
Sua casa não foi atingida pela inundação e está intacta, apenas com algumas árvores caídas na frente e uns galhos amontoados em frente à garagem. "Não tenho energia, mas meu celular funciona, há água, comida, tudo. Prefiro ficar e ajudar", afirmou.
Para Spitzer, todo o aparato policial agora é só para que o presidente George W. Bush consiga tentar apagar a má imagem construída logo após a passagem do furacão, quando a ausência do governo deixou toda a costa do golfo sem ajuda nos momentos críticos.
Mas, se depender do que as imagens de TV começaram a mostrar ontem, a situação de Bush só tende a piorar. De manhã, a CNN exibia insistentemente a cena de uma velhinha, a mão trêmula segurando um revólver, sendo derrubada por policiais em sua casa.
O jornalista que captou a cena andava à tarde pelas ruas de Nova Orleans, quando a polícia estava à procura de mais gente escondida em suas casas. "Foi o pior que vi até agora", afirmou Dan Simon.
A CNN relatou também que começará amanhã um trabalho da Força Aérea de pulverização para combater a contaminação da água que inundou a cidade.


Com agências internacionais

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