São Paulo, quinta, 10 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO LEWINSKY
Em tom dramático, presidente americano se diz arrependido e tenta resgatar apoio dentro do partido
Clinton pede perdão aos democratas

de Washington

O presidente dos EUA, Bill Clinton, adotou tom mais dramático ontem para pedir perdão ao país pelo seu relacionamento amoroso com Monica Lewinsky e subsequentes mentiras a respeito dele.
Em discurso para militantes do Partido Democrata em Orlando, na Flórida, Costa Leste do país, Clinton afirmou: "Eu decepcionei minha família, eu decepcionei este país. Eu peço o seu perdão. Estou determinado a não permitir que nada parecido aconteça novamente e espero reconquistar a confiança de vocês".
O discurso em Orlando aconteceu antes de o relatório do promotor independente Kenneth Starr ter sido entregue ao Congresso e após reunião na Casa Branca (sede do governo dos EUA) entre o presidente e líderes de seu partido.
No encontro da manhã, segundo relato do deputado David Bonior, Clinton demonstrou arrependimento pelos seus erros e ouviu dos parlamentares que ele precisa convencer o público se quiser sobreviver no cargo.
Não há dúvida de que a mudança gradativa no conteúdo das palavras de Clinton sobre o caso Lewinsky se deve à reação negativa que seu discurso de 17 de agosto (quando ele pela primeira vez reconheceu em público a relação "não apropriada" com a ex-estagiária) encontrou entre líderes de seu próprio partido, o Democrata.
A estratégia de defesa de Clinton envolve não apenas sua tentativa de convencer o público de sua redenção moral. Há grande pressão sobre a primeira-dama, Hillary Clinton, para que ela peça ao país que perdoe o marido. É possível que ela faça isso esta semana.
Além disso, assessores de Clinton vão continuar a atacar Starr e sua equipe e a divulgar informações danosas a seus adversários.
Na sexta-feira, por exemplo, o deputado Dan Burton, um dos principais críticos do presidente, admitiu ser o pai de um menino nascido de um caso extraconjugal.
Mas, ao contrário do que aconteceu em todas as crises anteriores deste governo, a Casa Branca está dividida sobre como agir para salvar o presidente. Os advogados que trabalham com Clinton, que têm prevalecido desde janeiro na decisão sobre as táticas de defesa, começam a perder seu poder de influência sobre o presidente.
Isso não significa, no entanto, que os assessores políticos estejam reocupando o espaço perdido. Muitos dos mais importantes, como o porta-voz Mike McCurry, estão até se preparando para deixar o governo. Outros demonstram grande abatimento de ânimo.
Como a primeira-dama também não parece estar disposta a assumir o controle da situação, como fez com grande eficiência no passado, o presidente se tornou o principal, e crescentemente isolado, estrategista de sua defesa.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.