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Blair e Powell partem para a região
DA REDAÇÃO
O secretário de Estado dos
EUA, Colin Powell, partirá para
Índia e Paquistão nesta semana,
enquanto o premiê britânico,
Tony Blair, segue hoje para Omã e
depois para o Egito, tentando reforçar o apoio dos países da região aos ataques no Afeganistão.
Os principais países islâmicos
aliados dos EUA quebraram ontem o silêncio oficial e, apesar dos
protestos populares contrários,
reiteraram o apoio aos ataques
contra o Afeganistão. Os líderes
alertaram, contudo, que mais baixas civis enfraquecerão a coalizão
militar liderada por Washington.
"Há uma clara evidência de que
ele está ligado a isso", disse à revista americana "Time" o chanceler da Arábia Saudita, o príncipe
Saud al Faisal, em referência à
participação do também saudita
Osama bin Laden nos atentados
do dia 11 de setembro.
Foi o primeiro comentário oficial do país sobre os ataques. "É
necessário perseguir com vigor e
tenacidade os criminosos que
criaram essa tragédia. Nesse sentido, os EUA têm o apoio da comunidade internacional."
"Sem dúvida, a intenção do terrorismo é provocar retaliações
descomedidas que levem os outros à ação e provoquem danos
colaterais que aumentem a sensação de injustiça", acrescentou.
Apesar da advertência, o ministro
manifestou total apoio à ofensiva
e elogiou a posição americana.
"Felizmente, e isso se deve ao governo e ao povo americanos, a
resposta tem sido comedida.
Acreditamos que [o bombardeio"
foi a reação correta."
O Egito, onde estudantes realizaram grandes protestos na segunda-feira e manifestações menores ontem, também quebrou o
silêncio oficial. "Apoiamos todas
as medidas tomadas pelos EUA
para resistir ao terrorismo", afirmou o presidente Hosni Mubarak. Ele também pediu, contudo,
que a morte de civis afegãos fosse
evitada e repetiu a principal reivindicação dos aliados muçulmanos para o apoio aos EUA, uma
solução para o conflito israelo-palestino.
Os EUA agradeceram. "Consideramos muito positiva a resposta dos governos dos mundos árabe e muçulmano", disse o porta-voz do Departamento de Estado,
Richard Boucher, que citou ainda
o "apoio das populações".
A aversão popular à ação de
Washington continua, porém.
Em Gaza, onde anteontem a polícia palestina matou duas pessoas
e feriu cerca de 200 na repressão a
protestos contra a guerra, o líder
Iasser Arafat conseguiu impedir
novos confrontos fechando escolas e universidades. A proibição
de manifestações foi mantida.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina se reuniu com líderes de grupos de oposição para
evitar a implosão dos territórios
autônomos. Um líder do Hamas,
grupo extremista que promoveu
manifestações ontem, se mostrou
disposto a cooperar. "O que ocorreu em Gaza é uma nódoa, algo lamentável e repudiado por todos."
Para muitos palestinos, o terrorista saudita Osama bin Laden,
apontado por Washington como
responsável pelos atentados do
dia 11 de setembro, é uma inspiração para a resistência à ocupação
israelense. Já Arafat, que em 1991
ficou do lado do Iraque -contra
os Estados Unidos, portanto- na
Guerra do Golfo, pretende agora
aumentar seu crédito com os
americanos para obter novas negociações de paz com mediação
de Washington.
Como às vezes ocorre em relação a Israel após duros enfrentamentos das forças de segurança
com os palestinos, os EUA pediram "máxima moderação" por
parte da polícia palestina na repressão a manifestações. Num ato
aparentemente inédito, a ANP
pediu ao governo israelense materiais de contenção de protestos
-Israel ainda não respondeu.
Em Omã, país que abriga milhares de soldados britânicos a postos para o combate no Afeganistão e onde manifestações são raras, os protestos acabaram liberados. "A América é inimiga de
Deus", gritaram estudantes em
marcha. Em outro Estado aliado
dos EUA, a Jordânia, o líder de
um partido religioso islâmico fez
referência a um choque de civilizações ao evocar as atrocidades
cometidas pelos cruzados durante a Idade Média: "Os muçulmanos vencerão a batalha nesta nova
fase das Cruzadas".
O Iraque teve passeatas e expressou visão semelhante. "Os
países islâmicos devem se defender e proteger seus valores religiosos, que estão na mira da nova
guerra sionista-americana", disse
o chanceler Naji Sabri no Qatar.
Com agências internacionais
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