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Itamaraty admite erro sobre suposto morto
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Itamaraty confirmou ontem,
por meio da assessoria de imprensa, que foi um equívoco ter
incluído o nome do gaúcho Alex
Alves da Silva, 31, na lista dos
mortos nos ataques aos EUA.
O presidente Fernando Henrique Cardoso citou o nome de
Alex como sendo uma das vítimas
do atentado, anteontem à noite,
durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão.
Leila da Silva, 23, uma das quatro irmãs do rapaz ligou ontem
para o Itamaraty, confirmando
que seu irmão está vivo. "O que
vale agora é a posição da família",
informou a assessoria do órgão.
O Palácio do Planalto não quis
comentar o assunto, que causou
constrangimento ao governo.
Algumas horas antes do pronunciamento do presidente, Alex
havia ligado para Leila, que mora
em Uberlândia (MG), dizendo
que havia saído do hospital e colocando fim à angústia da família,
que estava sem notícias desde o
dia 14 de setembro.
O primeiro contato de Alex com
a irmã foi feito três dias depois do
atentado de um hospital em Nova
York que ele não identificou.
"Ele chorava muito, dizia que
havia sido atingido na cabeça e
que não conseguia caminhar",
disse Leila, referindo-se à primeira ligação. "Ele falava com dificuldade e parecia ter perdido a noção
do tempo", completou.
A irmã do rapaz disse que o primeiro telefonema de Alex foi relatado ao Consulado Geral do Brasil
em Nova York. Depois disso, ele
foi incluído na lista de procurados, que chegou a ter 93 pessoas.
À medida que as pessoas foram
sendo encontradas, essa lista foi
sendo reduzida até ficar com cinco nomes, entre eles o de Alex. A
pedido da família- que disse que
queria proteger os pais idosos- o
nome dele não estava sendo divulgado nos jornais. Ele vinha
sendo citado apenas pelas iniciais.
O Ministério das Relações Exteriores considera estranha a conduta da família. O Itamaraty atribui o comportamento ao fato de
Alex viver ilegalmente nos EUA.
O último contato de Leila com o
consulado teria ocorrido, segundo ela, no dia 21 passado quando
ela teria sido informada sobre o
envio de um formulário que deveria ser preenchido para facilitar a
identificação dos desaparecidos.
"Quando fui informada [por um
repórter" de que o presidente iria
divulgar o meu irmão como um
dos mortos, pensei: meu Deus será que eu sou culpada de fazer o
presidente errar?", disse Leila.
"Depois eu pensei melhor e percebi que eles é que erraram. É
uma falta de consideração informar em cadeia nacional que alguém morreu sem antes avisar a
família", disse.
Ao receber a ligação do irmão,
depois de viver "três semanas de
angústia", Leila ligou para os pais,
avisando que o irmão estava bem.
Quando acabou de ligar para toda
a família, ela diz que telefonou ao
consulado brasileiro, mas não
conseguiu contato com ninguém.
Leila ligou novamente para a
mãe e avisou: "O presidente vai
dizer que o Alex está morto, mas
fique calma. Você sabe que ele ligou há duas horas".
Colaborou a Sucursal de Brasília
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