São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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Para analistas, presidente infla o poder da oposição

DA FRANCE PRESSE

Para analistas venezuelanos, o presidente Hugo Chávez aumenta as ameaças de golpe de Estado para "endurecer" com a oposição.
Luis Vicente León, diretor do instituto de pesquisas Datanálisis, afirma que a estratégia do governo é amplificar e massificar o caso superestimando a potência golpista da oposição.
"É conveniente [para Chávez] dividir os venezuelanos entre chavistas e golpistas. Ele se coloca na posição de vítima e manda para o exterior a mensagem de que a oposição da Venezuela é toda golpista. Com isso, poderia tomar atitudes drásticas sem parecer um ditador."
A respeito da paralisação de hoje, León diz que "vai ser imensa", mas crê que o governo venha a ser hábil o bastante para não a repelir com violência. "Quantas horas se pode marchar? Se o governo não intervier, ela logo se dissolverá."
O sociólogo Tulio Hernández, diretor do Observatório de Cultura Contemporâneo de Caracas e colunista do jornal "El Nacional", afirma que a oposição é "totalmente heterogênea" e a divide em um setor "institucional", majoritário, e um setor minoritário que busca o golpe.
Para Hernández, "um setor da oposição está gestando um golpe de Estado há muito". "Esses opositores se reúnem com os "comacates" [comandantes, capitães e tenentes", que têm um projeto político e militar. É um setor minoritário, mas com muito dinheiro e poder", diz.
León diz não acreditar na importância de uma mediação internacional, como a do secretário-geral da OEA, César Gavíria, e a do Centro Carter. "Chávez recebe [essas mediações] como estratégia política, para demonstrar que está disposto a dialogar. Mas ele não está."
Hernández afirma que tanto o governo quanto a oposição buscam ganhar terreno à espera do referendo revogatório previsto para o ano que vem.
Esse instrumento constitucional serve para ratificar ou revogar mandatos de cargos públicos e não tem ainda data certa para acontecer.


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