São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Segundo autoridades dos EUA, os dois atiradores foram treinados pela rede terrorista no Afeganistão

EUA ligam ataque no Kuait à Al Qaeda

DA REDAÇÃO

Autoridades de defesa dos EUA disseram que os dois atiradores kuaitianos que mataram um fuzileiro naval americano e feriram outro anteontem foram treinados pela rede terrorista Al Qaeda em acampamentos no Afeganistão. Ontem, as forças dos EUA no Kuait se envolveram em novo incidente com tiros.
Um soldado que se dirigia a uma zona de treinamento no norte do país disparou contra um veículo civil após um de seus ocupantes ter supostamente apontado uma arma em sua direção. Os tiros teriam atingido a capota do carro, que partiu em velocidade.
"Acreditamos que haja uma ligação terrorista", disse um oficial americano, que não quis ter seu nome revelado, sobre o ataque que matou anteontem Antonio Sledd, 20. Os dois agressores também morreram na troca de tiros com os soldados americanos.
Outra fonte dos serviços de segurança disse à agência de notícias Reuters que os dois agressores -os primos Anas Ahmad Ibrahim Abdel-Rehim al Kandari, 21, e Jassem Hamad Mubarak Salem al Hajri, 26- já haviam sido interrogados sobre suas viagens ao Afeganistão. "Quando os prendemos, eles disseram que estiveram lá [no Afeganistão" prestando ajuda humanitária", disse a autoridade kuaitiana.
Os investigadores tentam descobrir se havia ligação direta entre os dois e o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden. Mohammed al Awadi, xeque kuaitiano que conhecia os dois primos, disse que Al Kandari viveu no Afeganistão e "esteve na linha de frente com o Taleban". Teria voltado ao Kuait dias antes do 11 de setembro.
O governo do Kuait anunciou a prisão de pelo menos 50 testemunhas e suspeitos de ajudar a dupla no atentado, ocorrido na ilha de Failaka (golfo Pérsico) durante exercícios militares dos EUA.
Testemunhas disseram que o enterro dos atiradores, ontem, no Kuait, se transformou numa passeata com slogans contra o Ocidente e gritos de "Allahu Akbar" (Deus é o maior). Militantes islâmicos no país disseram não acreditar que a Al Qaeda tenha elaborado o ataque, que ao seu ver seria apenas uma operação de acordo com o "espírito" das idéias professadas por Bin Laden.
Abdullah al Kandari, irmão de Anas Kandari, disse não saber se ele pertencia à Al Qaeda, mas que, antes de morrer, havia pedido para ser enterrado como "mártir".
Em seus discursos, Bin Laden e outros líderes da Al Qaeda criticam a presença militar americana no Oriente Médio, sobretudo na Arábia Saudita, berço do islã.
O ataque aos fuzileiros navais americanos seguiria, assim, esse "espírito", ainda mais num momento em que Washington articula uma nova campanha militar contra o Iraque.
Embora oficialmente os exercícios militares conjuntos entre kuaitianos e americanos sejam "de rotina", há suspeitas de que fariam parte dos preparativos para uma eventual guerra para depor o ditador Saddam Hussein.


Com agências internacionais

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