São Paulo, Sexta-feira, 10 de Dezembro de 1999


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ARGENTINA
Novo presidente começa mandato sem conseguir aprovar o Orçamento de 2000
De la Rúa toma posse hoje após sua 1ª derrota política

de Buenos Aires

Fernando de la Rúa assume a Presidência da Argentina às 11h de hoje, em substituição a Carlos Menem, sob o peso de sua primeira derrota política para a oposição peronista. A Aliança, coalizão de oposição que elegeu De la Rúa, tentou até o último momento aprovar a proposta de Orçamento para o próximo ano, elaborada por sua equipe, mas fracassou.
Desde 24 de outubro, quando foi eleito, De la Rúa vinha dizendo que queria assumir com o Orçamento de 2000 aprovado. Seria um importante sinal de força nesse início de governo. Não só pela urgente necessidade de ajustes econômicos no país, mas também para demonstrar capacidade de negociação com a oposição do Partido Justicialista (peronista).
Embora a Aliança tenha conquistado a maior bancada na Câmara de Deputados nas últimas eleições, o PJ ainda é o maior partido no Senado e tem a maioria dos governadores.
As últimas semanas foram marcadas por intensas negociações. Finalmente, ontem, o PJ concordou em votar o Orçamento, que já havia recebido o apoio dos governadores do partido, mas com a condição de deixar para depois a votação do pacote fiscal. A Aliança se recusou e não compareceu ao plenário da Câmara.
Segundo o futuro ministro da Economia, José Luis Machinea, não faria sentido aprovar uma coisa sem a outra porque o pacote fiscal é que garantirá as fontes de financiamento do Orçamento.
De la Rúa também assumirá sem ter aprovado a Lei de Ministérios, criando as pastas de Infra-estrutura e Desenvolvimento Social. O novo presidente pode recorrer a um decreto para permitir que os ministros dessas áreas -Nicolas Gallo e Graciela Meijide- tomem posse ainda hoje.

Fim da era Menem
Embora deixe para trás um país mergulhado no desemprego, com graves carências sociais, além de denúncias de corrupção, Carlos Menem certamente entrará para a história como um dos chefes de Estado mais importantes do século no país, galeria liderada pelo general Juan Domingo Perón.
Durante os dez anos de seu governo, principalmente no primeiro mandato (1989 a 1995), Menem transformou totalmente a Argentina. Privatizou empresas e abriu a economia do país. Mas o principal ativo do menemismo é mesmo a estabilização da inflação, o que influenciou decisivamente para a sua reeleição.
De la Rúa ganhou a disputa com um discurso continuista, prometendo manter a inflação sob controle e não mexer na paridade cambial, que assegura que um peso vale US$ 1. O que a população espera do governo que começa hoje é um avanço na área social, gerando mais empregos.
E esse será o grande desafio da Aliança, cujas principais forças são a UCR (União Cívica Radical) e a Frepaso (Frente País Solidário), formada por dissidentes do peronismo.
A cerimônia de posse de De la Rúa contará com a presença de oito presidentes latino-americanos: o brasileiro Fernando Henrique Cardoso; Hugo Banzer, da Bolívia; Eduardo Frei, do Chile; Andrés Pastrana, da Colômbia; Mireya Moscoso, do Panamá; Luis González Macchi, do Paraguai; Alberto Fujimori, do Peru, e Hugo Chávez, da Venezuela. (VA)

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