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ARGENTINA
Novo presidente começa mandato sem conseguir aprovar o Orçamento de 2000
De la Rúa toma posse hoje após sua 1ª derrota política
de Buenos Aires
Fernando de la Rúa assume a
Presidência da Argentina às 11h
de hoje, em substituição a Carlos
Menem, sob o peso de sua primeira derrota política para a oposição
peronista. A Aliança, coalizão de
oposição que elegeu De la Rúa,
tentou até o último momento
aprovar a proposta de Orçamento
para o próximo ano, elaborada
por sua equipe, mas fracassou.
Desde 24 de outubro, quando
foi eleito, De la Rúa vinha dizendo
que queria assumir com o Orçamento de 2000 aprovado. Seria
um importante sinal de força nesse início de governo. Não só pela
urgente necessidade de ajustes
econômicos no país, mas também
para demonstrar capacidade de
negociação com a oposição do
Partido Justicialista (peronista).
Embora a Aliança tenha conquistado a maior bancada na Câmara de Deputados nas últimas
eleições, o PJ ainda é o maior partido no Senado e tem a maioria
dos governadores.
As últimas semanas foram marcadas por intensas negociações.
Finalmente, ontem, o PJ concordou em votar o Orçamento, que já
havia recebido o apoio dos governadores do partido, mas com a
condição de deixar para depois a
votação do pacote fiscal. A Aliança se recusou e não compareceu
ao plenário da Câmara.
Segundo o futuro ministro da
Economia, José Luis Machinea,
não faria sentido aprovar uma
coisa sem a outra porque o pacote
fiscal é que garantirá as fontes de
financiamento do Orçamento.
De la Rúa também assumirá
sem ter aprovado a Lei de Ministérios, criando as pastas de Infra-estrutura e Desenvolvimento Social. O novo presidente pode recorrer a um decreto para permitir
que os ministros dessas áreas
-Nicolas Gallo e Graciela Meijide- tomem posse ainda hoje.
Fim da era Menem
Embora deixe para trás um país
mergulhado no desemprego, com
graves carências sociais, além de
denúncias de corrupção, Carlos
Menem certamente entrará para a
história como um dos chefes de
Estado mais importantes do século no país, galeria liderada pelo
general Juan Domingo Perón.
Durante os dez anos de seu governo, principalmente no primeiro mandato (1989 a 1995), Menem
transformou totalmente a Argentina. Privatizou empresas e abriu
a economia do país. Mas o principal ativo do menemismo é mesmo a estabilização da inflação, o
que influenciou decisivamente
para a sua reeleição.
De la Rúa ganhou a disputa com
um discurso continuista, prometendo manter a inflação sob controle e não mexer na paridade
cambial, que assegura que um peso vale US$ 1. O que a população
espera do governo que começa
hoje é um avanço na área social,
gerando mais empregos.
E esse será o grande desafio da
Aliança, cujas principais forças
são a UCR (União Cívica Radical)
e a Frepaso (Frente País Solidário), formada por dissidentes do
peronismo.
A cerimônia de posse de De la
Rúa contará com a presença de
oito presidentes latino-americanos: o brasileiro Fernando Henrique Cardoso; Hugo Banzer, da
Bolívia; Eduardo Frei, do Chile;
Andrés Pastrana, da Colômbia;
Mireya Moscoso, do Panamá;
Luis González Macchi, do Paraguai; Alberto Fujimori, do Peru, e
Hugo Chávez, da Venezuela.
(VA)
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