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Chávez pede apoio político ao Brasil
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, telefonou na noite de
anteontem para o presidente Fernando Henrique Cardoso, que está em Nova York, relatando os últimos lances da crise venezuelana
e pedindo apoio político ao Brasil.
Segundo Chávez, a crise atinge o
fornecimento de petróleo, mas a
situação está ainda sob controle.
O telefonema foi por volta das
21h30 (0h30 de ontem no horário
de Brasília), quando FHC participava de um coquetel na residência oficial do embaixador brasileiro na ONU, Gelson Fonseca.
Estavam também presentes os
embaixadores brasileiros na OEA
(Organização dos Estados Americanos), Walter Pecly, e em Washington, Rubens Barbosa. Os três
acompanharam a conversa de
Chávez e FHC no segundo andar.
Conforme FHC relatou em seguida, Chávez fez um relato dos
últimos acontecimentos "sob sua
ótica". FHC também disse que
Chávez não lhe pediu para interferir diretamente na tentativa de
negociação entre o governo e a
oposição, cada vez mais forte: "O
[César] Gaviria [secretário-geral
da OEA] já está lá dentro há 40
dias, acompanhando de dentro".
Alvoroço
O telefonema provocou um certo alvoroço na recepção, em que
praticamente só havia brasileiros,
sobretudo diplomatas e jornalistas. No primeiro momento, deduziu-se que pudesse ser do presidente americano, George W.
Bush, que recebe o presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva,
hoje, na Casa Branca. Só depois o
próprio FHC esclareceu que se
tratava de Chávez.
Apesar das ligações bem próximas de Chávez com FHC e da guinada que ele conduziu na política externa venezuelana rumo à
América do Sul e particularmente
ao Brasil, parte dos diplomatas
presentes ao coquetel acha que as
condições de governabilidade do
presidente venezuelano estão
praticamente esgotadas. FHC,
porém, não fez comentários. A
Venezuela, segundo ele, precisa
deixar de lado essa "partição".
Durante a campanha presidencial, Chávez apoiou a candidatura
de Lula, sempre dizendo que não
se metia em assuntos internos do
Brasil, mas ao mesmo tempo elogiando Lula, dizendo-se seu amigo e torcendo pelas opções de esquerda no continente.
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