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IRAQUE NA MIRA
Chefe dos inspetores da ONU dissera que documento sofreria cortes antes de entregá-lo ao Conselho de Segurança
EUA obtêm acesso irrestrito ao dossiê iraquiano
KIM SENGUPTA
DO "THE INDEPENDENT", EM BAGDÁ
Washington obteve acesso irrestrito ao dossiê sobre os programas químicos, biológicos e nucleares do Iraque, numa ação embaraçosa para o chefe dos inspetores da ONU, Hans Blix. Ele havia dito que os documentos seriam editados, por medida de segurança, antes que os países
membros do Conselho de Segurança (CS) os recebessem.
No que pode ser visto como outra vitória dos EUA, o CS promoveu ontem mais uma mudança na
regulamentação referente ao caso
para permitir que os cinco membros permanentes do órgão obtivessem uma versão não-editada
dos documentos. A resolução
1441 do Conselho de Segurança,
aprovada em novembro, exigia
que o Iraque entregasse um relatório "preciso, integral e completo" de seus programas de armas a
todos os membros do CS.
Na última sexta, porém, foram
realizadas alterações para impedir que alguns membros do CS,
especialmente a Síria, pudessem
tentar fazer uso das informações
contidas no relatório, com 11.807
páginas, além de 352 páginas de
adendos, para desenvolver armas
de destruição em massa. No mesmo dia, Blix fez o surpreendente
anúncio de que sua equipe retiraria trechos do relatório antes de
entregá-lo ao CS.
Os EUA haviam apoiado a mudança depois de não conseguir
convencer o CS de que o dossiê
integral deveria ser restringido a
si próprio e aos outros quatro
membros permanentes: Reino
Unido, Rússia, França e China.
Segundo diplomatas, porém,
sob o incentivo de alguns membros da administração Bush, os
EUA teriam promovido uma
campanha, no final de semana,
para a adoção de sua sugestão.
Washington e Londres estariam
preocupados com que os cortes
pudessem prejudicar a análise
que seus próprios especialistas
vão fazer do documento.
Mohamed El Baradei, diretor da
Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA), e o atual presidente do CS, o colombiano Alfonso Valdiviezo, teriam recebido a
maior parte da pressão dos EUA.
Blix, criticado por políticos linha-dura da administração Bush por
causa se sua suposta ausência de
agressividade em relação ao Iraque, foi ignorado.
A campanha foi bem-sucedida.
O CS acabou concordando com a
proposta norte-americana, embora a Colômbia também tenha
obtido uma cópia do relatório
sem cortes devido ao fato de
atualmente exercer a presidência
do CS. Os outros membros não-permanentes do CS -Síria, Irlanda, Cingapura, Noruega, México,
Bulgária, Camarões, Guiné e
Maurício- receberão cópias daqui a uma semana, após os cortes.
O Iraque liberou na noite de ontem um índice do relatório entregue ao CS. No conteúdo divulgado, há indicações de que o Iraque
irá citar de quais países adquiriu
armamentos químicos e biológicos. Mas não há informações para
afirmar se as aquisições foram feitas antes ou depois do embargo
econômico imposto em 1990.
Com agências internacionais
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