DA ASSOCIATED PRESS, EM NOVA YORK

O ex-vice-presidente norte-americano Al Gore (1993-2001) endossou ontem a pré-candidatura presidencial de Howard Dean pelo Partido Democrata, acrescentando prestígio e impulso à campanha do candidato antiguerra, identificado com a "esquerda" do partido.
Gore disse que Dean "é o único candidato que vem conseguindo inspirar as bases em todo o país". Dean declarou que receber o apoio de Al Gore é uma honra e um privilégio.
Al Gore e Howard Dean apareceram em público no bairro do Harlem, em Nova York, antes de embarcarem para o Iowa, onde Dean enfrenta uma disputa apertada com o deputado Richard Gephardt nas prévias democratas de 19 de janeiro. Em seguida, Dean vai viajar até New Hampshire para participar do último debate democrata do ano.
Iowa e New Hampshire são os primeiros Estados americanos que terão primárias partidárias para a escolha do candidato que enfrentará o presidente George W. Bush na eleição presidencial, em novembro. Howard Dean está à frente de oito outros pré-candidatos nos dois Estados.
De acordo com a estrategista democrata Jenny Backus, de Washington, a aprovação de Gore, que foi vice de Bill Clinton, vai ajudar Dean a ganhar acesso a "alguns setores-chave do eleitorado, como os afro-americanos, as mulheres e os sindicatos, e também no Iowa". Dean espera que o endosso de Gore também ajude a reduzir o receio provocado por sua falta de experiência em política externa, seu temperamento irascível, seus vaivéns políticos, seus erros de campanha e sua mensagem antiguerra e antiestablishment, que não agrada a todos.

Lieberman preterido
Com a escolha de Dean, Gore deixou de lado o senador Joe Lieberman, do Connecticut, que foi seu companheiro de chapa em 2000. Lieberman chegou ao ponto de esperar para se candidatar até Gore decidir não fazer o mesmo, em dezembro passado. "Fui pego totalmente de surpresa", disse Lieberman à rede NBC. "O que realmente me incomoda é o fato de Al estar apoiando um candidato que se opõe por completo à transformação fundamental que Clinton operou no Partido Democrata em 1992", disse ele (quando Clinton levou o partido a uma posição mais centrista na economia e em outras áreas).
Em 1998, Howard Dean cogitou desafiar Gore para a indicação presidencial democrata em 2000, mas acabou desistindo. Ele fez lobby para ser mencionado como pré-candidato a vice, mas não chegou a ser incluído na lista de pré-candidatos de Gore.
Dean e Gore já defenderam posições divergentes sobre muitas questões-chave, tais como o controle de armas de fogo. Enquanto Gore combatia a Associação Nacional de Rifles, Dean foi apoiado pelo lobby das armas. O estrategista democrata Steve Jarding disse que o endosso de Gore pode obrigar outros pré-candidatos a abandonar a disputa.