|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMUNICAÇÕES
Evento da ONU opõe política dos EUA para domínios na rede a plano de países em desenvolvimento
Racha ameaça fórum sobre informação
DA REDAÇÃO
O Encontro Mundial sobre a
Sociedade da Informação promovido pela ONU começa hoje em
Genebra (Suíça) esvaziado, depois que alguns dos principais líderes mundiais cancelaram a presença, e com a perspectiva de
mais uma vez colocar países ricos
e pobres em lados opostos.
Uma das questões principais
dos três dias de debate é sobre
quem deve governar a internet.
Alguns países como China, África
do Sul, Índia e Brasil, defendem
que o poder regulador seja transferido de uma organização privada escolhida pelos EUA para um
grupo internacional, possivelmente ligado às Nações Unidas.
Paul Twomey, diretor da Corporação da Internet para Nomes e
Números Designados (Icann, pela sigla em inglês), a empresa que
em 1998 foi encarregada pelos
EUA de gerir os sistemas de endereçamento da rede, foi a Genebra
defender a organização. Segundo
Twomey, a Icann vem abrindo escritórios em vários países e colocou estrangeiros em seu conselho.
Hans Klein, diretor da ONG
americana Profissionais da Informática pela Responsabilidade Social, afirma que a preocupação
dos países em desenvolvimento é
"legítima". Ele dá como exemplo
de algo que poderia ser feito pelo
governo americano a eliminação
dos domínios de países considerados simpatizantes do terrorismo -medida que, na prática, tiraria esses países da internet.
"Como americano, certamente
entendo a preocupação dos outros países. Não vou ser patriota e
dizer que os EUA deveriam ter o
controle. A questão deveria ser
decidida com base naquilo que
for mais eficaz e eficiente", disse à
Folha Norris Dickard, diretor de
Políticas Públicas da Digital Divide Network, ONG americana que
tem como objetivo ajudar a eliminar o "fosso digital" que separa
nações ricas e pobres.
Outros temas
Cerca de 16 mil participantes se
inscreveram no encontro que vai
discutir também maneiras de ampliar a segurança da internet (tanto no que diz respeito à privacidade dos usuários quanto às transações financeiras on-line), o maior
uso de softwares gratuitos e a proteção dos direitos de propriedade
intelectual.
No final do encontro, serão divulgados uma declaração de princípios e um plano de ação. O texto
provisório dos dois documentos,
resultado de vários encontros
preparatórios, traz inúmeros parágrafos com recomendações de
ações a serem implementadas pelos governos. No entanto pouco
se fala sobre o cumprimento de
metas e de onde sairia o dinheiro
para que tudo fosse feito.
"É sempre fácil escrever belas
palavras, mas a questão, como naquele filme famoso ["Jerry Maguire"], é: "show me the money"
[mostre-me o dinheiro]. Essa
questão exige financiamento e
compromisso. Algo tem sido feito, a Holanda, o Canadá e os EUA
têm programas para ajudar países
em desenvolvimento, mas as necessidades ainda são grandes",
afirma Dickard.
(VITOR PAOLOZZI)
Com agência Associated Press
Texto Anterior: Espanha: França prende o segundo chefe militar do ETA em uma semana Próximo Texto: Análise: Abismo digital dificilmente desaparecerá Índice
|