São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CONTRASTES

Obama ganha força nos "EUA profundos"

Hillary Clinton vence em grandes cidades costeiras

DO ENVIADO A NOVA ORLEANS

As vitórias de Barack Obama no sábado confirmam uma tendência que começou a ser delineada na Superterça do dia 5 de fevereiro: Hillary Clinton vem se saindo melhor nas grandes cidades cosmopolitas, geralmente localizadas em Estados das duas costas, enquanto o senador negro é o preferido do chamado "Estados Unidos profundos", formado por Estados pouco midiáticos mas de grande população e peso.
Na corrida pela indicação do Partido Democrata até agora, já realizaram primárias ou "caucuses" 28 dos 50 Estados americanos. Obama venceu na maior parte deles, 18. Desses, apenas dois, Connecticut e Delaware, são costeiros. Seu mapa de vitórias mostra três sólidos corredores: o centro, parte do norte central e o sul do país.
O senador foi bem em Estados mais conservadores como Idaho, Utah, Nebraska, Kansas, Dakota do Norte e Missouri, que deram a vitória a George W. Bush nas eleições presidenciais de 2000 e 2004.
Foi então que se popularizou a expressão "Estados Unidos profundos", quando analistas apontaram a grande divisão entre os votos costeiros, na maior parte para os candidatos democratas Al Gore, em 2000, e John Kerry, em 2004, e os do resto do país.

Elegibilidade
Obama avança ainda em outro terreno tradicionalmente republicano, o sul negro. Com a vitória em Louisiana no sábado, são quatro os Estados da região a votar no senador em prévias (os outros são Alabama, Geórgia e Carolina do Sul). Deles, só dois votaram em Bill Clinton nas eleições presidenciais de 1992, Geórgia e Louisiana, e só a Louisiana em 1996.
Mais relevante é que, nesses Estados conservadores em que Obama vem se saindo bem, os vencedores do partido da situação foram Mitt Romney -que já desistiu- e Mike Huckabee, na maior parte dos casos, e não o líder atual da corrida pelo Partido Republicano, o senador John McCain. Isso sugere que num eventual embate entre os dois, o senador negro poderia se sair melhor, o que aumenta seu caráter de "elegibilidade".
A sugestão é amparada por pesquisas nacionais: duas das mais recentes (no jornal "Washington Post" e na revista "Time") chegam a resultados parecidos e dão Obama em vantagem sobre McCain (49% a 46%, na primeira, 48% a 41% na segunda), se as eleições presidenciais fossem hoje. A situação se inverte se a escolhida dos democratas fosse Hillary.
A ex-primeira-dama ganha até agora em redutos "liberais" (menos conservadores) e de grande população e forte presença no processo eleitoral, como Califórnia, Nova York e Nova Jersey, ou com fatia hispânica importante, como Nevada e Arizona. (SÉRGIO DÁVILA)


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