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SUCESSÃO NOS EUA / CONTRASTES
Obama ganha força nos "EUA profundos"
Hillary Clinton vence em grandes cidades costeiras
DO ENVIADO A NOVA ORLEANS
As vitórias de Barack Obama
no sábado confirmam uma tendência que começou a ser delineada na Superterça do dia 5 de
fevereiro: Hillary Clinton vem
se saindo melhor nas grandes
cidades cosmopolitas, geralmente localizadas em Estados
das duas costas, enquanto o senador negro é o preferido do
chamado "Estados Unidos profundos", formado por Estados
pouco midiáticos mas de grande população e peso.
Na corrida pela indicação do
Partido Democrata até agora, já
realizaram primárias ou "caucuses" 28 dos 50 Estados americanos. Obama venceu na
maior parte deles, 18. Desses,
apenas dois, Connecticut e Delaware, são costeiros. Seu mapa
de vitórias mostra três sólidos
corredores: o centro, parte do
norte central e o sul do país.
O senador foi bem em Estados mais conservadores como
Idaho, Utah, Nebraska, Kansas,
Dakota do Norte e Missouri,
que deram a vitória a George
W. Bush nas eleições presidenciais de 2000 e 2004.
Foi então que se popularizou
a expressão "Estados Unidos
profundos", quando analistas
apontaram a grande divisão entre os votos costeiros, na maior
parte para os candidatos democratas Al Gore, em 2000, e John
Kerry, em 2004, e os do resto
do país.
Elegibilidade
Obama avança ainda em outro terreno tradicionalmente
republicano, o sul negro. Com a
vitória em Louisiana no sábado, são quatro os Estados da região a votar no senador em prévias (os outros são Alabama,
Geórgia e Carolina do Sul). Deles, só dois votaram em Bill
Clinton nas eleições presidenciais de 1992, Geórgia e Louisiana, e só a Louisiana em 1996.
Mais relevante é que, nesses
Estados conservadores em que
Obama vem se saindo bem, os
vencedores do partido da situação foram Mitt Romney -que
já desistiu- e Mike Huckabee,
na maior parte dos casos, e não
o líder atual da corrida pelo
Partido Republicano, o senador
John McCain. Isso sugere que
num eventual embate entre os
dois, o senador negro poderia
se sair melhor, o que aumenta
seu caráter de "elegibilidade".
A sugestão é amparada por
pesquisas nacionais: duas das
mais recentes (no jornal "Washington Post" e na revista "Time") chegam a resultados parecidos e dão Obama em vantagem sobre McCain (49% a 46%,
na primeira, 48% a 41% na segunda), se as eleições presidenciais fossem hoje. A situação se
inverte se a escolhida dos democratas fosse Hillary.
A ex-primeira-dama ganha
até agora em redutos "liberais"
(menos conservadores) e de
grande população e forte presença no processo eleitoral, como Califórnia, Nova York e Nova Jersey, ou com fatia hispânica importante, como Nevada e
Arizona.
(SÉRGIO DÁVILA)
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