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Sem Clinton, acordo não sairia
RUPERT CORNWELL
do "The Independent"
Tudo começou há seis anos,
quando o então candidato à Casa
Branca fez uma promessa para um
grupo étnico que arregimenta 40
milhões de pessoas nos EUA, os
americanos de origem irlandesa.
Vai atingir seu clímax em seis semanas, quando Bill Clinton visitar
a Irlanda do Norte pouco antes do
referendo sobre o acordo de paz. O
acordo de ontem não foi firmado
com base em propostas americanas. Mas sem o apoio dos EUA,
sem os esforços de Clinton, ele talvez nunca tivesse sido concluído.
De volta a 1992, tornar-se um
dos principais personagens de um
marco histórico como esse não estava nos planos de Clinton. Suas
promessas de nomear um enviado
especial ao Ulster eram uma manobra para conquistar votos.
Mas que desvantagem havia em
intervir no problema da Irlanda
do Norte? O sucesso seria um prêmio maior que qualquer outro. E
se ele falhasse -qual o problema?
Clinton iria apenas se juntar aos
estadistas que não conseguiram
resolver a questão irlandesa.
Então, algo aconteceu. Clinton
começou a levar o Ulster a sério.
Talvez fosse sua ascendência irlandesa, talvez o fato de ele haver testemunhado de perto os episódios
de 1969 (quando explodiu a violência na região), como aluno da
Rhodes Scholar, em Oxford.
Primeiro, o viés foi nacionalista.
Um membro da família Kennedy
foi enviado a Dublin, Clinton ignorou a fúria do Reino Unido e as
advertências de seu Departamento
de Estado ao conceder um visto
para Gerry Adams, do Sinn Fein.
Mas Washington percebeu que
havia dois lados nas discussões.
A partir de 1995, os unionistas
começaram a ser tratados de forma igual. Gradualmente, os britânicos perceberam que os EUA
eram algo além de simpatizantes
da causa secessionista.
Ontem, Clinton deu mostras evidentes de seu envolvimento na solução do problema do Ulster. Segundo a Casa Branca, o presidente
dos EUA teria permanecido acordado a noite toda e, por diversas
vezes, conversou com os negociadores. Um porta-voz do governo
britânico disse mesmo que Clinton deu um empurrão final ao
acordo ao conversar com o unionista David Trimble, que estava
relutante em aceitar os termos do
documento assinado ontem.
Com agências internacionais
Tradução de Rodrigo Castro
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