São Paulo, sábado, 11 de abril de 1998

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DIVISÃO ENTRE PALESTINOS
Autoridade Nacional Palestina aperta cerco contra movimento islâmico Hamas e fecha agência de notícias
Arafat aumenta pressão contra extremistas

das agências internacionais

A Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Iasser Arafat, reforçou ontem sua ofensiva contra o movimento fundamentalista islâmico Hamas e os meios de comunicação que veiculam comunicados dos extremistas palestinos. A tensão aumentou na quinta-feira, quando a polícia deteve "para interrogatório" o porta-voz do Hamas, Abdel Aziz Rantissi.
Até a noite de ontem, Rantissi ainda não havia sido libertado. O Hamas disse que a detenção de seu porta-voz é um fato "grave". Rantissi acusou o chefe das forças palestinas de segurança, coronel Jibril Rajub, de ter arquitetado o assassinato do especialista em bombas do Hamas Muhideen Al-Charif, o "Engenheiro 2".
Sua morte -o corpo foi encontrado junto a um carro que explodiu em Ramallah (Cisjordânia)- deflagrou um conflito interno nos territórios palestinos. As investigações da ANP afirmam que Al-Charif morreu em decorrência de brigas internas no Hamas. O movimento acusou a polícia palestina de ter assassinado Al-Charif, em colaboração com Israel, e de ter torturado alguns de seus integrantes para obter confissões.
Autoridades palestinas ordenaram o fechamento do escritório da agência de notícias "Reuters" na cidade de Gaza, devido à veiculação de um vídeo no qual um militante do Hamas, de rosto coberto, atacava a ANP e sua colaboração com as forças israelenses. "Fechamos o escritório porque a agência fabricou notícias que provocaram divisões no Estado Palestino", disse um funcionário da ANP.
O fechamento foi definido como "provisório", mas não foi divulgado prazo.
O secretário-geral da Presidência da ANP, Tayeb Abdel Rahim, disse ontem que "o Hamas deve deixar de fazer ataques por intermédio dos meios de comunicação e ajudar a encontrar o assassino". "Não faremos campanha contra o Hamas como força política, mas não permitiremos que ele condene as pessoas à morte e deixe cadáveres nas ruas."
Processo de paz
O responsável palestino pelas negociações de paz com Israel, Saeb Erekat, afirmou ontem que os EUA teriam desistido de publicar uma proposta sobre a retirada de tropas da Cisjordânia. "Isso é exatamente o desejo do premiê Binyamin Netanyahu", disse.
Os EUA estariam retardando o anúncio de sua proposta -Israel entregaria nova porção da Cisjordânia (13%) à ANP- para dar a Netanyahu tempo para chegar a um acordo com os partidos de direita que o sustentam.
"É uma ilusão acreditar que Netanyahu aceitará essa proposta", disse Erekat. "Já falamos que o prazo dado a ele é um tempo perdido para o processo de paz".




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