São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VENEZUELA

Para organismo, reforço das instituições afastaria risco de novo golpe

Chávez precisa dialogar, cobra OEA

DA REDAÇÃO

O governo venezuelano precisa reforçar suas instituições democráticas e realizar uma séria investigação sobre o golpe de Estado de 11 de abril para sair de sua atual crise política, advertiu ontem uma delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA) que está no país.
O relatório do grupo sobre o golpe frustrado contra o presidente Hugo Chávez também adverte o governo para evitar confrontos com a oposição, reduzir a participação de militares na política e adotar um diálogo democrático para evitar a repetição da situação que levou ao golpe.
Para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, Chávez deve garantir a liberdade de imprensa e desarmar os grupos violentos de simpatizantes e de opositores do governo.
"A comissão pede que o Estado de direito na Venezuela seja fortalecido no mais curto espaço de tempo", disse o presidente da comissão, Juán Mendez. "Garantir isso e assegurar que as instituições trabalhem efetivamente é uma forma de afastar o espectro de um novo golpe."
Mendez pediu ao presidente e a seus opositores, que o acusam de governar o país como um ditador de esquerda, que parem de se tratar como inimigos e comecem a dialogar para reduzir as tensões políticas que se transformaram em violência no mês passado.
Uma megamanifestação convocada pela oposição há um mês para pedir a renúncia de Chávez terminou com 17 mortos e dezenas de feridos. Após o protesto, militares derrubaram o presidente e colocaram o líder empresarial Pedro Carmona em seu lugar, mas Chávez retomou o cargo dois dias depois, após protestos populares e a ação de militares leais a ele.
Mendez disse que os 44 anos ininterruptos de democracia na Venezuela ainda estão ameaçados por muitas fragilidades, como a interferência aberta dos militares na política. "É perigoso para as Forças Armadas e para a estabilidade da democracia", disse.
Diversos oficiais militares, incluindo generais e almirantes, participaram do golpe contra Chávez. O presidente vem realizando um expurgo nas Forças Armadas, colocando aliados em cargos de comando. Chávez, coronel do Exército, liderou uma tentativa frustrada de golpe contra o então presidente Carlos Andrés Pérez, em 1992, e foi eleito democraticamente à Presidência em 1998.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Fidel desafia EUA a provar acusação sobre armamento
Próximo Texto: Segurança: Serviço de imigração dos EUA quer monitorar estudantes estrangeiros
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.