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Ex-soldado lamenta as mortes
DE NOVA YORK
Não foi exatamente um pedido
de desculpas, mas cartas enviadas
por Timothy McVeigh aos repórteres Dan Herbeck e Mou Michel
e publicadas ontem no diário
"The Buffalo News", de sua cidade natal, pelo menos falam das
168 vítimas feitas pelo terrorista.
"Lamento pelas pessoas que tenham perdido a vida", escreve ele,
para depois se justificar. "Mas isso
faz parte da natureza das coisas."
Em outro momento, McVeigh
desabafa: "Se vou ao inferno, estarei acompanhado".
Os dois jornalistas que receberam as cartas são autores de um livro baseado em entrevistas com
McVeigh feitas na prisão, "American Terrorist", e desenvolveram
boa relação com ele.
O ex-soldado da Guerra do Golfo escreveu ainda que vai morrer
culpando o governo federal por
suas ações. Nas cartas, se refere ao
atentado como uma "tática legítima" em sua guerra contra os governantes.
Conclui dizendo que chegou
mesmo a pensar em pedir que
suas cinzas fossem espalhadas no
memorial construído em Oklahoma para as vítimas do atentado,
mas desistiu. "Seria muito cruel,
vingativo e frio. E eu não sou assim", afirmou.
Em outra carta, o terrorista trata
da hipótese de que não agiu sozinho. "Para os teóricos da conspiração mais renitentes, que se recusam a acreditar nisso, eu digo:
Mostrem-me onde eu precisei de
mais alguém. Financeiramente?
Na logística? Na tecnologia? Capacidade intelectual? Estratégia?
Digam onde eu precisei de um
misterioso "Senhor x'".
Timothy McVeigh se despediu
ontem de seus familiares por telefone. Falou mais longamente com
seu pai, o aposentado Bill
McVeigh, 61, que nas últimas semanas tentou em vão que seu filho fizesse uma declaração em
que se dizia arrependido.
"Ele não o fez até agora e não fará mais", disse no final de sua última visita ao filho, que durou três
horas, na penitenciária de Terre
Haute, no Estado de Indiana. "Ele
me disse que se fizesse a declaração estaria mentindo."
Católico praticante e ex-metalúrgico, Bill não pretende acompanhar a execução, como teria direito. "Se fosse seu filho, você
iria?", disse a um repórter. Bill se
divorciou da mãe de Timothy em
1984 e criou o filho sozinho.
"Realmente não sei como tudo
começou. Só lembro que, quando
Timothy voltou da Guerra do
Golfo, já tinha esse ódio pelo governo", afirmou.
(SD)
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