São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2001 |
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ITÁLIA O líder de extrema direita Gianfranco Fini será o segundo no governo; Umberto Bossi, da Liga Norte, terá ministério Berlusconi nomeia ex-fascista como vice
DA REDAÇÃO O magnata italiano dos meios de comunicação Silvio Berlusconi tomou posse ontem como novo primeiro-ministro da Itália, formando o 59º governo do país desde o fim da Segunda Guerra. O gabinete anunciado por ele é integrado por antigos assessores e membros da coalizão conservadora Casa das Liberdades, que o elegeu no último 13 de maio. Berlusconi assume o governo italiano pela segunda vez (sua experiência anterior como primeiro-ministro, em 1994, durou apenas sete meses), após ter anunciado o seu gabinete ao presidente Carlo Azeglio Ciampi, que o referendou durante uma reunião de 20 minutos no Quirinale, o palácio presidencial em Roma. Entre os escolhidos por Berlusconi estão o líder da Aliança Nacional Gianfranco Fini, ex-militante fascista, que passa a ocupar o cargo de vice-primeiro-ministro, e o ex-diretor da Organização Mundial do Comércio, Renato Ruggiero, nomeado ministro das Relações Exteriores. A Liga Norte, que até recentemente defendia a independência da região norte e integra a coalizão Casa das Liberdades, terá três ministros no novo governo. Entre eles está Umberto Bossi, líder da liga e pivô da crise que derrubou o primeiro governo Berlusconi, em dezembro de 1994. Bossi será o ministro das Reformas e se ocupará sobretudo da transferência dos poderes do Estado (em matéria de saúde, educação, segurança e imigração) para as regiões. A nomeação de Bossi foi vista com desconfiança pelas regiões do sul da Itália, que temem que o atual repasse de recursos do Estado para lá se concentre nas regiões do norte. Para o Ministério da Economia e das Finanças, Berlusconi indicou um dos seus mais antigos colaboradores, Giulio Tremonti, que volta ao mesmo cargo que teve durante o governo de 1994. A nomeação de Fini já era esperada pelos analistas políticos, mas o cargo concedido a Bossi foi a grande surpresa do gabinete anunciado ontem. Junto a esses "pesos pesados", há representantes de pequenos partidos democrata-cristãos, de centro direita, como Rocco Butiglione, que ficará com a pasta de Política Européia. Pierferdinando Casini, outro líder democrata-cristão, ocupa há 11 dias a presidência da Câmara dos Deputados. Já o partido de Silvio Berlusconi, o Força Itália, ficará com o maior número de cargos: 10 dos 25 ministérios. "Sinto-me satisfeito por ter reunido uma equipe excelente, que poderá garantir progresso, liberdade e bem-estar social para todos os cidadãos", declarou ontem o novo primeiro-ministro. Na distribuição do governo por regiões, o norte da Itália foi contemplado com 12 ministérios, oito deles encabeçados por políticos da Lombardia. O centro e o sul deverão contentar-se com cinco ministros, e as regiões insulares (Sicília e Sardenha), com quatro. Apenas a região do Vêneto não está representada até o momento. Berlusconi anunciou que completará a sua equipe a partir de hoje, quando nomeará o segundo escalão (ministros adjuntos e subsecretários de Estado). Os aliados do novo primeiro-ministro têm sido objeto de atenção e de crítica por parte de outros países europeus, principalmente por sua posição agressiva contra os imigrantes. A Liga Norte, que alguns analistas comparam ao Partido da Liberdade austríaco, de Jörg Haider, costuma ser acusada de xenófoba pela opinião pública. No entanto a União Européia tem sido até agora discreta sobre a vitória de Berlusconi -e não manifestou nenhuma intenção de impor sanções à Itália, como fez com a Áustria quando o partido de Haider chegou ao governo. O novo governo fará o juramento hoje. Em seguida, os ministros receberão um voto de confiança das duas câmaras do Parlamento (deputados e senadores), onde os conservadores obtiveram uma ampla maioria nas últimas eleições. A aprovação do novo governo pelo Parlamento deverá acontecer na próxima segunda-feira. Desde que foi eleito, Berlusconi tem se dedicado exclusivamente a compor um equilíbrio entre as forças que o levaram mais uma vez ao poder. A disputa de cargos entre os principais partidos da coalizão provocou a irritação do novo primeiro-ministro, que manifestou publicamente o seu desagrado com as pressões. Embora as suas escolhas tenham frustrado alguns aliados, a coalizão continua intacta. Com agências internacionais Texto Anterior: Cidade vive clima de espetáculo Próximo Texto: Conservadores prometem acabar com a imigração Índice |
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