São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Anúncio segue apelo de caminhoneiro seqüestrado; grupo faz novas exigências a Manila para libertá-lo

Filipinas desistem de ampliar estada de tropa

DA REDAÇÃO

O governo das Filipinas anunciou ontem que não estenderá a estada dos 51 soldados que mantém no Iraque, após a divulgação de um vídeo em que um caminhoneiro filipino seqüestrado no país implorava por sua vida, exortando Manila a fazer a retirada de suas tropas. O governo de Gloria Macapagal Arroyo chegou a anunciar a libertação do refém, depois mas voltou atrás. Os seqüestradores fizeram novas exigências para libertá-lo.
"Nosso contingente humanitário tem retorno marcado para 20 de agosto", disse o porta-voz presidencial. Os seqüestradores exigem, no entanto, que Manila confirme, dentro de 24 horas, que irá retirar suas tropas até 20 de julho - ou irão decapitar o refém.
Dois caminhoneiros búlgaros e um egípcio seguem desaparecidos. Os captores de Ivailo Kepov e Georgi Lazov haviam ameaçado matá-los sexta-feira caso o governo da Bulgária não retirasse sua tropa, mas Sófia se negou a cumprir a demanda e disse ter "informações não confirmadas" de que os reféns estavam vivos. Já os captores do egípcio Mohammed al Gharabawi exigiram da firma saudita que o emprega um resgate de US$ 1 milhão. O dono da empresa disse não ter a quantia e apelou ao Cairo.
As primeiras imagens de De la Cruz em cativeiro haviam sido divulgadas na quarta pela TV Al Jazira, de Qatar -a mesma que exibiu o vídeo ontem. Nelas, homens mascarados e armados ameaçavam matá-lo em 72 horas. O caminhoneiro, que trabalhava para uma empresa saudita, desapareceu perto de Fallujah (oeste).
"Por favor, Arroyo, retire suas forças do Iraque", pede ele no vídeo, vestindo um macacão laranja semelhante ao usado pelos prisioneiros na base americana de Guantánamo (Cuba). O traje é o mesmo usado por outros ocidentais seqüestrados e mortos no Iraque, como o americano Nicholas Berg e o sul-coreano Kim Sun-il, ambos decapitados. "Aconselho meus colegas na empresa saudita e os filipinos a não virem para cá, pois há muitos problemas, e a polícia iraquiana não terá como protegê-los, como ocorreu comigo."
A retirada dos soldados filipinos não deve ter efeito na Força Multinacional comandada pelos EUA no Iraque, que reúne 160 mil militares -sendo 135 mil deles americanos. Mas os 4.100 civis filipinos no país são cruciais para a manutenção das bases americanas. A presidente Arroyo já proibira novas viagens de civis ao país.
Em Ramadi (oeste), marines mataram três iraquianos e feriram seis -inclusive duas crianças- em um tiroteio. Moradores locais disseram que os mortos eram civis, mas o comando dos EUA afirmou se tratarem de insurgentes. Em Bagdá, a família de dois meninos, de seis e quatro anos, disse que eles morreram anteontem quando morteiros disparados por insurgentes contra um hotel vizinho atingiram sua casa.


Com agências internacionais

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