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Foco
Obama arrecada dinheiro para ele e Hillary, e espera conquistar voto feminino
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Condutor da máquina de fazer dinheiro mais azeitada da
história das eleições americanas, o democrata Barack Obama cortejou a elite de Nova
York em eventos nos hotéis
Hyatt e Hilton, na manhã de
ontem e na noite de quarta.
No primeiro encontro, Obama pediu a seus contribuintes
que também doem dinheiro à
senadora Hillary Clinton, derrotada por ele nas primárias
democratas, que tem cerca de
US$ 23 milhões em dívidas de
campanha. No segundo, ela retribuiu pedindo às mulheres
que votem nele -a platéia estava tomada por mulheres
brancas, grupo que a favoreceu durante as primárias.
Para conseguir um ingresso
para qualquer um dos eventos,
era preciso contribuir com ao
menos US$ 250 para a campanha do senador. Nos EUA,
doações diretas só podem ser
feitas por pessoa física, com limite de US$ 2.300 para o candidato em cada um dos dois ciclos da eleição (primárias e gerais). Também é possível doar
até US$ 28.500 para que o partido financie a campanha.
Além de ver Obama ao vivo,
a doação-convite dava direito
a aperitivos, como carpaccio
de salmão. Vinho (US$ 12) e
cerveja (US$ 11,50) eram servidos no evento noturno, sob
os lustres de cristal de um salão espelhado do Hyatt.
A equipe de segurança de
Obama -duas ou três dezenas
de homens- tentava manter
os jornalistas longe dos contribuintes e arrecadadores.
Vasos grandes de plantas
delimitavam onde a imprensa
poderia circular. Por duas vezes, o repórter da Folha foi interrompido por seguranças ao
fazer entrevistas.
"Você não pode falar com a
imprensa", disse um segurança à publicitária Annelisa, 32,
que contava que os US$ 500
que doou ao candidato fazem
falta. "Eu não posso querer
que o mundo mude só desejando isso. Eu preciso ajudar
na mudança", disse ela.
Obama ainda não anunciou
quanto arrecadou no mês de
junho, mas até maio havia
conseguido US$ 287,4 milhões. Seu rival republicano, o
senador John McCain, informou ontem que obteve US$
22 milhões no mês passado,
chegando a US$ 144 milhões.
"Eu amo o Brasil"
Ao final do discurso, Obama
distribui alguns apertos de
mão entre a platéia. Na noite
de quarta, acompanhada da
mãe, uma garotinha de seis
anos ganhou um abraço e um
beijo, registrado pelos poucos
fotógrafos autorizados a deixar a área de imprensa.
Em seguida, Obama estende
a mão para o repórter da Folha, que perguntou sobre parcerias comerciais com o Brasil.
"Se eu falar com você, tenho
que falar com todo mundo,
desculpe. Escreva aí que eu
amo o Brasil", disse ele.
Com a imprensa distante,
Obama dá sua mensagem sem
perguntas mais duras e termina por, quase sempre, escolher
a notícia eleitoral do dia na imprensa americana. Ontem, ele
tentava mostrar que se preocupa com questões femininas.
"Como filho, neto e marido
de mulheres que trabalham
duro, eu não aceito que a América faça as mulheres escolherem entre suas crianças e suas
carreiras", disse ele. "Essas
questões -pagamento igual
entre os sexos, equilíbrio das
contas da família, assistência
às crianças- não são simplesmente questões femininas."
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