São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2008

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Foco

Obama arrecada dinheiro para ele e Hillary, e espera conquistar voto feminino

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Condutor da máquina de fazer dinheiro mais azeitada da história das eleições americanas, o democrata Barack Obama cortejou a elite de Nova York em eventos nos hotéis Hyatt e Hilton, na manhã de ontem e na noite de quarta.
No primeiro encontro, Obama pediu a seus contribuintes que também doem dinheiro à senadora Hillary Clinton, derrotada por ele nas primárias democratas, que tem cerca de US$ 23 milhões em dívidas de campanha. No segundo, ela retribuiu pedindo às mulheres que votem nele -a platéia estava tomada por mulheres brancas, grupo que a favoreceu durante as primárias.
Para conseguir um ingresso para qualquer um dos eventos, era preciso contribuir com ao menos US$ 250 para a campanha do senador. Nos EUA, doações diretas só podem ser feitas por pessoa física, com limite de US$ 2.300 para o candidato em cada um dos dois ciclos da eleição (primárias e gerais). Também é possível doar até US$ 28.500 para que o partido financie a campanha.
Além de ver Obama ao vivo, a doação-convite dava direito a aperitivos, como carpaccio de salmão. Vinho (US$ 12) e cerveja (US$ 11,50) eram servidos no evento noturno, sob os lustres de cristal de um salão espelhado do Hyatt.
A equipe de segurança de Obama -duas ou três dezenas de homens- tentava manter os jornalistas longe dos contribuintes e arrecadadores.
Vasos grandes de plantas delimitavam onde a imprensa poderia circular. Por duas vezes, o repórter da Folha foi interrompido por seguranças ao fazer entrevistas.
"Você não pode falar com a imprensa", disse um segurança à publicitária Annelisa, 32, que contava que os US$ 500 que doou ao candidato fazem falta. "Eu não posso querer que o mundo mude só desejando isso. Eu preciso ajudar na mudança", disse ela.
Obama ainda não anunciou quanto arrecadou no mês de junho, mas até maio havia conseguido US$ 287,4 milhões. Seu rival republicano, o senador John McCain, informou ontem que obteve US$ 22 milhões no mês passado, chegando a US$ 144 milhões.

"Eu amo o Brasil"
Ao final do discurso, Obama distribui alguns apertos de mão entre a platéia. Na noite de quarta, acompanhada da mãe, uma garotinha de seis anos ganhou um abraço e um beijo, registrado pelos poucos fotógrafos autorizados a deixar a área de imprensa.
Em seguida, Obama estende a mão para o repórter da Folha, que perguntou sobre parcerias comerciais com o Brasil. "Se eu falar com você, tenho que falar com todo mundo, desculpe. Escreva aí que eu amo o Brasil", disse ele.
Com a imprensa distante, Obama dá sua mensagem sem perguntas mais duras e termina por, quase sempre, escolher a notícia eleitoral do dia na imprensa americana. Ontem, ele tentava mostrar que se preocupa com questões femininas.
"Como filho, neto e marido de mulheres que trabalham duro, eu não aceito que a América faça as mulheres escolherem entre suas crianças e suas carreiras", disse ele. "Essas questões -pagamento igual entre os sexos, equilíbrio das contas da família, assistência às crianças- não são simplesmente questões femininas."


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