São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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AMÉRICA LATINA

Polícia diz que não encontrou indícios que liguem material contendo suposto plano terrorista a tanzanianos presos

Foto obtida no Rio cita "área ideal" de ataque

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Uma das dez fotos do Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro encontradas no banheiro da rodoviária Novo Rio (centro) tinha anotada em seu verso a frase "área ideal para o ataque".
As fotos foram apreendidas no dia 1º de setembro, mesmo dia em que foram detidos dois cidadãos tanzanianos, David John Pama e Salim Nassir Salim. Eles foram ao banheiro logo após a descoberta das fotos pelos seguranças.
Apesar da coincidência, a Polícia Federal do Rio informou ontem que, até o momento, não há nenhuma prova de que o material apreendido no banheiro fosse dos dois tanzanianos. Eles estão detidos por um prazo de 60 dias, porque estavam em situação irregular no país -seus vistos estavam vencidos- e serão deportados.

Rotas de fuga
Além das dez fotos do consulado, que fica no centro do Rio, havia também uma fotografia de uma agência do BankBoston, que fica a poucos metros do consulado, com a legenda informando que o banco poderia ser outro "possível alvo".
Com as fotos, havia também um bloco de anotações com indicações de possíveis rotas de fuga, mapas da cidade do Rio e uma folha com uma lista de códigos de DDI em que estavam assinalados os códigos do Paraguai, do Paquistão e de Nova Iorque.
A Polícia Federal solicitou à Interpol a verificação de antecedentes criminais dos dois. Em depoimento prestado aos policiais, eles negaram ter antecedentes criminais ou que o material apreendido na rodoviária fosse deles.
Os dois exames feitos até agora no material apreendido não provam que os dois estrangeiros manipularam as fotos. O teste para encontrar digitais foi prejudicado, segundo informou a Polícia Federal, porque o material foi manipulado pelos seguranças da rodoviária no momento em que fotos e anotações foram descobertas.

Visto para a Tailândia
A análise grafotécnica também não indica que as anotações sejam dos tanzanianos. Outros elementos que indicam que a letra não seja dos dois é que, segundo a Polícia Federal, eles não falam português e, muito provavelmente, não foi um estrangeiro quem escreveu as legendas das fotos, já que elas não continham nenhum erro de português.
No depoimento prestado à Polícia Federal, os dois tanzanianos afirmaram que estavam no Brasil fazendo turismo. Eles chegaram ao Brasil de avião há aproximadamente um mês, em dias diferentes, em São Paulo. Eles teriam ido ao Rio para tentar tirar um visto para a Tailândia e se hospedaram num hotel simples da região central da cidade.
Um deles afirmou trabalhar em navios pesqueiros e outro disse estar desempregado. O visto para o Brasil foi tirado na embaixada brasileira na Namíbia porque não há representação diplomática brasileira na Tanzânia.
A Polícia Federal informou que não há advogados representando os dois estrangeiros e não há representação diplomática da Tanzânia no Brasil. O processo de deportação deve correr normalmente, enquanto eles ficarão detidos. Caso não haja evidência de que estavam envolvidos no suposto plano de ataque ao consulado, eles serão deportados.
A Tanzânia foi um dos alvos de uma série de atentados contra representações diplomáticas americanas na África, realizada pela Al Qaeda, em 1998.


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