|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICA LATINA
Polícia diz que não encontrou indícios que liguem material contendo suposto plano terrorista a tanzanianos presos
Foto obtida no Rio cita "área ideal" de ataque
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Uma das dez fotos do Consulado dos Estados Unidos no Rio de
Janeiro encontradas no banheiro
da rodoviária Novo Rio (centro)
tinha anotada em seu verso a frase
"área ideal para o ataque".
As fotos foram apreendidas no
dia 1º de setembro, mesmo dia em
que foram detidos dois cidadãos
tanzanianos, David John Pama e
Salim Nassir Salim. Eles foram ao
banheiro logo após a descoberta
das fotos pelos seguranças.
Apesar da coincidência, a Polícia Federal do Rio informou ontem que, até o momento, não há
nenhuma prova de que o material
apreendido no banheiro fosse dos
dois tanzanianos. Eles estão detidos por um prazo de 60 dias, porque estavam em situação irregular no país -seus vistos estavam
vencidos- e serão deportados.
Rotas de fuga
Além das dez fotos do consulado, que fica no centro do Rio, havia também uma fotografia de
uma agência do BankBoston, que
fica a poucos metros do consulado, com a legenda informando
que o banco poderia ser outro
"possível alvo".
Com as fotos, havia também um
bloco de anotações com indicações de possíveis rotas de fuga,
mapas da cidade do Rio e uma folha com uma lista de códigos de
DDI em que estavam assinalados
os códigos do Paraguai, do Paquistão e de Nova Iorque.
A Polícia Federal solicitou à Interpol a verificação de antecedentes criminais dos dois. Em depoimento prestado aos policiais, eles
negaram ter antecedentes criminais ou que o material apreendido
na rodoviária fosse deles.
Os dois exames feitos até agora
no material apreendido não provam que os dois estrangeiros manipularam as fotos. O teste para
encontrar digitais foi prejudicado,
segundo informou a Polícia Federal, porque o material foi manipulado pelos seguranças da rodoviária no momento em que fotos e
anotações foram descobertas.
Visto para a Tailândia
A análise grafotécnica também
não indica que as anotações sejam
dos tanzanianos. Outros elementos que indicam que a letra não
seja dos dois é que, segundo a Polícia Federal, eles não falam português e, muito provavelmente,
não foi um estrangeiro quem escreveu as legendas das fotos, já
que elas não continham nenhum
erro de português.
No depoimento prestado à Polícia Federal, os dois tanzanianos
afirmaram que estavam no Brasil
fazendo turismo. Eles chegaram
ao Brasil de avião há aproximadamente um mês, em dias diferentes, em São Paulo. Eles teriam ido
ao Rio para tentar tirar um visto
para a Tailândia e se hospedaram
num hotel simples da região central da cidade.
Um deles afirmou trabalhar em
navios pesqueiros e outro disse
estar desempregado. O visto para
o Brasil foi tirado na embaixada
brasileira na Namíbia porque não
há representação diplomática
brasileira na Tanzânia.
A Polícia Federal informou que
não há advogados representando
os dois estrangeiros e não há representação diplomática da Tanzânia no Brasil. O processo de deportação deve correr normalmente, enquanto eles ficarão detidos. Caso não haja evidência de
que estavam envolvidos no suposto plano de ataque ao consulado, eles serão deportados.
A Tanzânia foi um dos alvos de
uma série de atentados contra representações diplomáticas americanas na África, realizada pela Al
Qaeda, em 1998.
Texto Anterior: Iraque sob tutela: Italianos fazem vigília para pedir libertação das reféns Próximo Texto: Oriente Médio: Powell diz que paz só avança sem Arafat Índice
|