CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

O governo chileno reconheceu ontem que dois agentes da inteligência do Exército do país entraram ilegalmente no consulado argentino na cidade de Punta Arenas, no sul do Chile. Eles abriram o cofre do consulado, fizeram cópias de documentos oficiais e filmagens do local.
O incidente foi considerado grave pelas Chancelarias dos dois países, que trataram o episódio como um caso de espionagem.
Segundo comunicado oficial do Ministério da Defesa chileno, os agentes pertenciam à Região Militar Austral, mas estavam atuando "de forma independente e sem instruções superiores".
A invasão aconteceu na manhã do último domingo. Os nomes dos agentes não foram divulgados pelas autoridades chilenas e sua situação não estava esclarecida até o fechamento desta edição.
O episódio causou o afastamento imediato do tenente-coronel do Exército chileno Víctor Hugo Poza Reyes, chefe da unidade de inteligência. O comandante da Região Militar Austral, o general-de-divisão Waldo Sauritz Sepúlveda, assumiu a responsabilidade final sobre o caso e apresentou sua renúncia, que foi aceita.
Os agentes foram surpreendidos pelo cônsul-adjunto argentino, José Andrés Basbús, enquanto manuseavam documentos secretos. Segundo seu próprio relato, Basbús chegou a lutar com um deles para evitar que documentos fossem levados, mas não conseguiu evitar que eles fugissem.
Segundo Basbús, foi encontrada uma fita de vídeo com gravações das "áreas de segurança" do consulado.
Ele disse também que em uma das jaquetas deixadas pelos intrusos estavam uma cédula de identidade e uma autorização para porte de armas no nome de Luis Alberto Robles Ricus. Essa informação não é confirmada pelo governo chileno.
A Chancelaria argentina disse que a motivação dos agentes deve ser investigada.


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