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PASSADO OBSCURO
Pacto secreto protegeria ex-ditador
OTÁVIO DIAS
da Reportagem Local
A atuação firme do presidente
Eduardo Frei (democrata-cristão) em defesa da libertação de
Pinochet provocou especulações sobre possíveis "acordos
secretos" firmados durante a
transição democrática.
No centro dos acordos, que teriam sido realizados entre os militares que deixavam o governo e
as autoridades que assumiam o
controle do país, estaria o compromisso de que o novo governo
preservaria o ex-ditador.
A reação do general da reserva
Jorge Ballerino, próximo a Pinochet, à detenção em Londres estimulou as especulações.
"Havia acordos explícitos e tácitos de não molestar o general
Pinochet", disse Ballerino, que
participou da transição no final
dos anos 80.
Em entrevista à Folha, Enrique
Correa, ex-ministro do governo
Patricio Aylwin (1990-94) e seu
representante nos diálogos de
transição, negou existir um
acordo para proteger Pinochet.
Segundo ele, o governo democrático comprometeu-se a respeitar a permanência de Pinochet no comando do Exército
por mais oito anos e não revogar
a Lei de Anistia.
Segundo outro negociador,
Francisco Javier Cuadra, indicado pelo antigo regime, também
não seria questionado o direito
de Pinochet se tornar senador
vitalício após deixar o Exército,
o que ocorreu em março último.
"Os militares consideravam
que, como senador, Pinochet teria imunidade", afirmou Enrique Correa.
Segundo ele, os pactos terminaram por aí: "Pinochet pode
ser processado. Basta que o Judiciário retire sua imunidade".
Cuadra não é tão taxativo. Em
entrevista à revista chilena "Qué
Pasa", o ex-ministro do governo
militar diz que a transição chilena traz embutido "um problema
de comunicação nacional, a
questão da linguagem pública e
da linguagem privada, do que se
pode dizer e do que não se pode
dizer".
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