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ALEMANHA
Chanceler, em discurso inaugural no Parlamento, promete criar empregos; oposição cobra medidas concretas
Schroeder cria "República do Novo Centro'
IMRE KARACS
do "The Independent", em Bonn
O chanceler (premiê) alemão,
Gerhard Schroeder, anunciou ontem, no discurso inaugural de seu
governo, a fundação do que chamou de a "República do Novo
Centro", afirmando que iria, nos
seus próximos quatro anos no poder, modernizar a sociedade alemã
e fazer retroceder o desemprego.
Mas sua "declaração de governo", que detalhava o programa
elaborado pela coalizão formada
pelos social-democratas (partido
do chanceler) e os verdes, se tornou alvo de fortes críticas pelo que
foi identificado pela oposição como falta de visão.
"Dissemos não pretender fazer
tudo de uma maneira diferente,
mas muitas coisas de uma maneira
melhor", disse Schroeder ao Bundestag, câmara baixa do Parlamento, localizado em Bonn. Provando ser um homem de palavra, o
chanceler alemão falou por duas
horas sobre as pequenas melhorias
que pretende implementar.
Ele evocou o "Novo Centro",
uma variação particular da "Terceira Via" (expressão criada pelo
premiê trabalhista britânico, Tony
Blair, para designar a guinada rumo ao centro da esquerda).
Schroeder, que criticou as dívidas
deixadas pelo governo anterior,
prometeu liberar o espírito empreendedor alemão, criando condições para um renascimento econômico. Contribuintes estarão recebendo 15 bilhões de marcos
(US$ 9 bilhões) até o ano 2002, 5
bilhões de marcos (US$ 3 bilhões)
a mais que o planejado a princípio.
Apesar das palavras de Schroeder, a classe empresarial parece indiferente às medidas anunciadas
pelo governo. Um novo imposto
ecológico foi amplamente condenado pela indústria, e os economistas não parecem ter sido convencidos pelas promessas de uma
diminuição, a longo prazo, das taxas de desemprego.
O novo governo espera retomar
o plano "Aliança por Empregos",
proposto há dois anos por um líder
sindical do país. A idéia defende
que empregados e empregadores
realizem acordos, diminuindo os
custos com mão-de-obra e contendo a onda de demissões.
A oposição já havia ouvido essas
promessas antes e quis maiores
detalhes. "O show acabou", gritou
Wolfgang Schäuble, o homem que
sucedeu, na liderança da Democracia Cristã, a Helmut Kohl, o
candidato derrotado por Schroeder nas eleições de setembro. "Precisamos agora de substância."
Mas Schroeder foi sempre hábil
com as palavras e contornou os
protestos dos oposicionistas.
O chanceler social-democrata, o
primeiro líder alemão a não ter testemunhado a Segunda Guerra
Mundial -com laços mais tênues,
portanto, com o passado nazista
do país-, discorreu sobre o futuro, sobre o novo começo representado pela mudança para Berlim.
A estrutura administrativa do
país, incluindo o Parlamento, está
sendo transferida para a renovada
capital alemã, que substitui Bonn,
capital da ex-Alemanha Ocidental.
"Para algumas pessoas, Berlim
soa muito prussiano, muito autoritário, muito centralizador", disse
Schroeder. "Nossa visão de uma
Nova República do Centro é o exato oposto disso. Berlim simboliza a
nova república por estar no coração da Alemanha e no coração da
Europa. Berlim também significa
uma atmosfera de abertura."
Traindo suas prioridades,
Schroeder dedicou pouco tempo
às relações de seu país com a comunidade internacional. Tratou
da independência do Banco Central Europeu, elogiou a importância de laços com países do outro lado do Atlântico e se referiu às contribuições da Alemanha para o orçamento da União Européia. Outra vez, os detalhes foram poucos.
²
Tradução de
Rodrigo Castro
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