São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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Oposicionistas e chavistas atacam emissoras de TV

Andrew Álvarez/France Presse
Empregado da TV Globovisión em Maracaibo mostra câmera destruída em protesto de chavistas


DA REDAÇÃO

Centenas de simpatizantes do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cercaram de madrugada as sedes dos principais canais de TV do país em Caracas e em outras cidades para protestar contra o que dizem ser uma campanha sistemática contra o governo.
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), César Gaviria, que está em Caracas há mais de um mês para tentar mediar um diálogo entre o governo e a oposição, condenou os ataques. Ele disse ver com "uma profunda preocupação as ações intimidatórias contra as instalações de alguns dos principais meios de comunicação do país". Gaviria disse ainda que opositores atacaram a tiros o canal estatal de TV.
Os EUA também se disseram preocupados com os ataques de chavistas e de oposicionistas.
Os protestos chavistas ocorreram após a TV e a rádio estatais conclamarem os simpatizantes do presidente a "defender a democracia nas ruas". Os manifestantes, entre os quais havia deputados chavistas, batiam panelas e agitavam bandeiras do país. "Golpistas! Digam a verdade, não mentiras", gritavam.
A TV Globovisión mostrou imagens de depredação em seu escritório da cidade de Maracaibo, dizendo que os chavistas forçaram a entrada, destruindo janelas, equipamentos e móveis.
A relação de Chávez com os meios de comunicação é conflituosa desde o início de seu mandato. No domingo, ele acusou os meios de comunicação de promoverem "uma guerra terrorista e sangrenta" contra seu governo. Ele acusou a oposição de usar a mesma tática que levou a um golpe frustrado que o tirou do poder por dois dias, em abril.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA, já havia instado o governo a garantir a segurança dos jornalistas e dos meios de comunicação do país após casos de ataques a sedes de jornais e TVs e agressões a jornalistas nos últimos meses.
Milhares de opositores tomaram as ruas de Caracas à tarde para protestar contra os ataques.
O governo negou responsabilidade sobre as ações e disse não querer violência. O vice-presidente, José Vicente Rangel, disse que Chávez não ordenou as ações e acusou a oposição pelos ataques à TV estatal. "O que está acontecendo aqui é um tipo de ditadura da mídia", disse ele em entrevista a uma rádio chilena. "Ela criou uma intensa reação popular -não contra jornalistas ou contra a liberdade de expressão, mas contra a manipulação da verdade."

MST critica "elite"
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou ontem uma carta de solidariedade ao povo venezuelano pela crise por que passa o país, na qual diz que a "opção antineoliberal" na América Latina foi confirmada pelas urnas em Bolívia, Brasil e Equador. A carta critica "as elites venezuelanas", a quem acusa de não aceitar mudanças sociais, políticas e econômicas em favor dos pobres e dos excluídos.

Com agências internacionais


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