São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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População faz fila diante de bancos

DA REDAÇÃO

Venezuelanos correram aos bancos ontem para sacar dinheiro e a supermercados e postos de gasolina para abastecer seus carros e suas despensas, temendo um período de escassez após nove dias de greve geral no país.
Filas longas cresciam na manhã de ontem nas proximidades das agências dos maiores bancos na capital venezuelana, chegando a atrapalhar o trânsito de carros em algumas ruas.
A publicitária Mercedes Flores, 36, esperava sua vez no último lugar de uma fila diante de uma agência de um banco privado na região leste de Caracas.
"Preciso sacar dinheiro, e os bancos só estão abrindo três horas por dia. Temos muito medo, pois não é possível ver uma saída para essa situação", disse ela. "Estamos tirando dinheiro para estarmos prontos para qualquer coisa que acontecer."
Em um banco, gerentes restringiram os saques a 1 milhão de bolívares (cerca de R$ 2.900) por pessoa. "Estamos atarantados", afirmou um executivo de um dos maiores bancos do país -que não quis ser identificado.
Ao aderir à greve, o presidente da Associação Bancária da Venezuela, Ignacio Salvatierra, anunciou que os bancos começariam a trabalhar a partir de ontem apenas das 9h às 12h.
O governo afirma que a greve geral não conseguiu parar o país, exceto em redutos da oposição, como a região leste de Caracas, o centro financeiro da capital venezuelana.
Muitas lojas e outros estabelecimentos permaneciam abertos na região central da cidade, onde os edifícios do governo estão localizados, e camelôs enchiam as calçadas como em dias normais.
Pelo segundo dia seguido, havia longas filas de carros em postos de gasolina, mas vários permaneceram fechados, altamente vigiados por soldados das Forças Armadas.
Anteontem, por ordem do presidente Hugo Chávez, os soldados tomaram as instalações da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) para protegê-las e garantir a distribuição de combustível.
Mas as reservas dos postos de gasolina gradualmente acabavam diante da paralisação da PDVSA.

Supermercados
"A angústia das pessoas é muito grande. Nos últimos dias, aumentou muito o movimento para comprar alimentos", disse um funcionário de um supermercado no bairro de Chacao, na região leste da capital.
A dona-de-casa María Suárez, 47, que fazia compras no local, afirmou: "As pessoas estão preocupadas porque os recursos estão se esgotando, a greve está crescendo, e o presidente não dá o braço a torcer".
Em alguns estabelecimentos, as prateleiras de enlatados começavam a se esvaziar.
"Já são nove dias [de greve]. Tenho medo de violência", disse a engenheira Carmen Melendez, em outro supermercado.


Com agências internacionais


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