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Morte de Pinochet não é o fim da história, diz Anistia
Órgão de direitos humanos pede que continue o julgamento dos crimes da ditadura
Entidades humanitárias
e políticos de esquerda destacam necessidade de se fazer justiça; governos emitem notas evasivas
DA REDAÇÃO
A morte do ex-ditador chileno Augusto Pinochet provocou
manifestações contundentes
de organizações de defesa dos
Direitos Humanos, de políticos
e governos de esquerda e comentários reticentes dos governos britânico e francês.
A Anistia Internacional (AI)
afirmou que a morte de Pinochet "não deve ser o fim da história". A organização pede que
as autoridades chilenas "declarem nula a lei de anistia e prossigam com as investigações e
processo de todos os outros envolvidos em milhares de casos
de desaparecimento, tortura e
execução durante o período de
Pinochet".
Na mesma linha, a deputada
socialista Isabel Allende, filha
do presidente chileno Salvador
Allende, deposto por Pinochet,
disse que os julgamentos dos
envolvidos em casos de violação dos direitos humanos no
seu país devem continuar, apesar da morte do ditador. "Com
sua morte não se encerra nenhum capítulo, nem da verdade, nem da justiça, nem da responsabilidade", disse ela.
Na Argentina, a morte do ditador chileno foi considerada a
sua "salvaguarda" pela associação Mães da Praça de Maio. Beba Evel Petrini, secretária da
organização afirmou que "Pinochet é o responsável pela ditadura, os assassinatos e não
pagou nada por isso, mas demonstrou sua covardia ao escudar-se na doença e na idade".
Para a presidenta das Avós da
Praça de Maio, Estela de Carlotto, "para o Chile, a América
Latina e o mundo inteiro é um
alívio que Pinochet tenha deixado de pertencer ao mundo".
Governos
A reação britânica à morte do
general foi evasiva. "Queremos
render homenagem aos avanços que o Chile fez nos últimos
15 anos como democracia aberta, estável e próspera", disse a
ministra de Relações Exteriores, Margaret Beckett.
Já Margaret Thatcher, ex-líder do governo conservador
entre 1979 e 1990 está "profundamente entristecida" pela
morte do general chileno, segundo informou um porta-voz
da ex-primeira ministra. Pinochet apoiou o Reino Unido na
guerra das Malvinas, contra a
Argentina, em 1982.
Já a diplomacia francesa,
"não deseja reagir imediatamente à notícia da morte do ex-ditador chileno", segundo um
porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores da França.
Jack Lang, conselheiro da
candidata socialista à presidência da França, Ségolène Royal,
disse que a morte do ditador
"desgraçadamente impedirá
que se faça justiça ao povo chileno que foi duramente oprimido, humilhado, violentado, torturado e roubado".
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