São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

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Morte de Pinochet não é o fim da história, diz Anistia

Órgão de direitos humanos pede que continue o julgamento dos crimes da ditadura

Entidades humanitárias e políticos de esquerda destacam necessidade de se fazer justiça; governos emitem notas evasivas

DA REDAÇÃO

A morte do ex-ditador chileno Augusto Pinochet provocou manifestações contundentes de organizações de defesa dos Direitos Humanos, de políticos e governos de esquerda e comentários reticentes dos governos britânico e francês.
A Anistia Internacional (AI) afirmou que a morte de Pinochet "não deve ser o fim da história". A organização pede que as autoridades chilenas "declarem nula a lei de anistia e prossigam com as investigações e processo de todos os outros envolvidos em milhares de casos de desaparecimento, tortura e execução durante o período de Pinochet".
Na mesma linha, a deputada socialista Isabel Allende, filha do presidente chileno Salvador Allende, deposto por Pinochet, disse que os julgamentos dos envolvidos em casos de violação dos direitos humanos no seu país devem continuar, apesar da morte do ditador. "Com sua morte não se encerra nenhum capítulo, nem da verdade, nem da justiça, nem da responsabilidade", disse ela.
Na Argentina, a morte do ditador chileno foi considerada a sua "salvaguarda" pela associação Mães da Praça de Maio. Beba Evel Petrini, secretária da organização afirmou que "Pinochet é o responsável pela ditadura, os assassinatos e não pagou nada por isso, mas demonstrou sua covardia ao escudar-se na doença e na idade".
Para a presidenta das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, "para o Chile, a América Latina e o mundo inteiro é um alívio que Pinochet tenha deixado de pertencer ao mundo".

Governos
A reação britânica à morte do general foi evasiva. "Queremos render homenagem aos avanços que o Chile fez nos últimos 15 anos como democracia aberta, estável e próspera", disse a ministra de Relações Exteriores, Margaret Beckett.
Já Margaret Thatcher, ex-líder do governo conservador entre 1979 e 1990 está "profundamente entristecida" pela morte do general chileno, segundo informou um porta-voz da ex-primeira ministra. Pinochet apoiou o Reino Unido na guerra das Malvinas, contra a Argentina, em 1982.
Já a diplomacia francesa, "não deseja reagir imediatamente à notícia da morte do ex-ditador chileno", segundo um porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores da França.
Jack Lang, conselheiro da candidata socialista à presidência da França, Ségolène Royal, disse que a morte do ditador "desgraçadamente impedirá que se faça justiça ao povo chileno que foi duramente oprimido, humilhado, violentado, torturado e roubado".


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