São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

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Ortega recebe ajuda de Chávez e mantém livre comércio com EUA

DA REDAÇÃO

No primeiro dia de volta à Presidência da Nicáragua, Daniel Ortega recebeu um pacote de ajuda do presidente venezuelano Hugo Chávez e filiou seu país à Alternativa Bolivariana das Américas (Alba).
A Alba é o movimento contrário à Alca liderado pelo presidente venezuelano e do qual fazem parte Bolívia e Cuba.
Apesar de entrar na associação de esquerda, Ortega disse, em seu discurso de posse, na noite de quarta-feira, que manterá o tratado de livre comércio com os Estados Unidos.
O malabarismo de agradar os colegas de esquerda e os Estados Unidos ao mesmo tempo é uma nova faceta de Ortega.
O líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional foi grande inimigo dos americanos nos anos 1980. Governou entre 1979 e 1990, depois de seu movimento guerrilheiro, depois transformado em partido, derrubar o ditador Anastacio Somoza. Durante todo seu governo, o país foi palco de um importante confronto dos últimos anos da Guerra Fria. Enquanto os sandinistas recebiam apoio de Cuba, os EUA patrocinavam os rebeldes "contras".
O final de seu governo foi marcado por escândalos de corrupção e crises econômicas. Desde 1990, Ortega concorreu três vezes para voltar ao cargo e foi derrotado em todas. Em 5 de novembro, com apoio do ex-presidente Arnoldo Alemán, um populista de direita, venceu as eleições com 38% dos votos.
Em seu discurso, Ortega prometeu combater a corrupção e a pobreza, que afeta 70% dos nicaragüenses. E que não haverá privatizações.

Filho com petróleo
Chávez se tornou a estrela da posse, que foi atrasada em uma hora e meia para que ele conseguisse chegar a Manágua, vindo de sua posse em Caracas.
O venezuelano foi o primeiro a discursar na "festa popular", após as cerimônias oficiais, para 100 mil pessoas na Praça da Fé João Paulo 2º, em Manágua: "Deixe-me servi-la, Nicarágua, e eu serei teu filho. A Venezuela será uma irmã, uma filha para a Nicarágua."
O pacote de ajuda de Chávez deve chegar a US$ 600 milhões. Dentro dos acordos, a Nicarágua deve receber petróleo a preços vantajosos e 32 usinas geradoras de eletricidade para combater o déficit de energia de que o país sofre há um ano.
Durante a campanha eleitoral, Chávez forneceu petróleo barato às prefeituras governadas pelos sandinistas. Ortega disse que o acordo será institucionalizado pelo Estado.
A primeira-dama, Rosario Murillo, será secretária de Comunicação. A maior parte do ministério é composta por antigos companheiros sandinistas que já fizeram parte do anterior governo de Ortega.


Com agências internacionais


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