São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

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Ataques a xiitas se intensificam e deixam 21 mortos

DA REDAÇÃO

A expectativa de que o novo governo iraquiano seja liderado por xiitas religiosos fez com que os ataques a alvos xiitas se intensificassem no Iraque.
Um carro-bomba matou ontem ao menos 12 pessoas, entre elas quatro soldados iraquianos, do lado de fora de uma mesquita xiita na cidade de Balad Ruz, nordeste de Bagdá. Segundo a polícia, o ataque ainda deixou 40 feridos, entre eles três crianças.
As vítimas estavam deixando a mesquita após a cerimônia xiita da Ashura, que marca a morte do imã Hussein, neto do profeta Muhammad, em uma batalha em Karbala, em 680.
O país planeja fechar suas fronteiras na semana que vem para impedir a entrada excessiva de peregrinos no país por causa das cerimônias.
O grupo terrorista liderado pelo terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi assumiu a autoria do atentado em uma declaração na internet, mas afirmou que o alvo era uma patrulha da Guarda Nacional.
Em Bagdá, insurgentes invadiram uma padaria xiita, abrindo fogo contra trabalhadores e matando ao menos nove pessoas, segundo a Reuters.
"Estava saindo de casa, em frente à padaria, quando os vi atirando. Eles usavam máscaras e gritavam "Deus é grande" enquanto atiravam", disse uma testemunha.

Outros ataques
Os corpos de quatro homens, aparentemente policiais, foram encontrados em Haswa. Outro policial foi morto quando um carro passou atirando em Baquba.
Um soldado americano morreu em um ataque com uma bomba artesanal em Bagdá. Dois civis morreram em conflito entre tropas americanas e insurgentes.
O grupo terrorista liderado por al Zarqawi também assumiu em mensagem na internet a responsabilidade pelo seqüestro do coronel Riyadh Katei Aliwi, membro do Ministério do Interior. O seqüestro de Aliwi aconteceu anteontem.

Eleições
Membros da comissão eleitoral iraquiana afirmaram ontem que precisam de "só uns dias, no máximo", para terminar a apuração dos votos da eleição do dia 30 de janeiro. O anúncio do resultado era esperado para anteontem, mas foi adiado porque cerca de 300 urnas precisaram ser recontadas e irregularidades foram apontadas na região de Mossul (norte).
"A apuração está em seu estágio final. Só cerca de 3% das urnas ainda estão sendo apuradas", afirmou Abdul-Hussein Hendawi, chefe da comissão eleitoral.
Segundo os últimos números parciais, o grupo do grão-aiatolá Ali al Sistani, Aliança Unida Iraquiana, de xiitas religiosos, teve cerca de 2,3 milhões de votos, ficando em primeiro lugar.
Anteontem, um representante de Al Sistani, o xeque Ammar al Hilali, levou sete tiros de insurgentes em dois carros enquanto deixava uma mesquita. Ele está sendo tratado em um hospital em Bagdá, segundo um parente.
Um líder xiita encorajou o clérigo linha-dura Moqtada al Sadr ontem a tomar parte do processo político após as eleições.
Sadr, que liderou dois levantes violentos contra tropas americanas em abril e agosto de 2004, condenou a eleição repetidamente, dizendo que ela não poderia acontecer enquanto tropas estrangeiras estivessem no Iraque.
No entanto alguns membros de seu movimento se candidataram pela Aliança Iraquiana Unida. Fonte próxima a Sadr disse que nenhuma decisão foi tomada sobre o movimento tomar parte no processo político, mas que uma declaração será feita logo.

Comparecimento
Membros da comissão eleitoral anunciaram ontem números finais de comparecimento para a eleição de conselhos em 12 Províncias iraquianas, confirmando forte comparecimento entre xiitas e curdos. Não foram divulgados números das áreas sunitas.
Em Bagdá, o comparecimento foi de 48%. Na Província de Babil, 71% dos eleitores registrados compareceram.
Os maiores comparecimentos se deram na Província de Dohuk, com 89%, e Sulaimaniyah, com 80%. Ambas fazem parte da região curda.
O menor comparecimento foi registrado na Província de Diyala, local do ataque da mesquita. Nas Províncias xiitas de Karbala e Najaf, o comparecimento foi de 73%.


Com agências internacionais

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