São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2006

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ITÁLIA

Primeiro-ministro quer a recontagem de 43 mil votos nulos para deputado; oposicionista Prodi fala em retirada do Iraque

Prodi anuncia vitória; Berlusconi contesta

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro Silvio Berlusconi disse ontem não reconhecer a apertada vitória de seu adversário, Romano Prodi, nas eleições legislativas italianas de domingo e anteontem.
Pediu a recontagem de 43 mil votos que foram considerados nulos, mas que podem expressar alguma intenção do eleitor. Seu bloco de centro-direita foi derrotado por apenas 25 mil entre os 38 milhões de votos válidos para a Câmara dos Deputados.
Essa recontagem precisa ser solicitada pela comissão eleitoral do Parlamento, depois que os resultados forem aprovados pela mais alta instância do Judiciário.
Berlusconi também disse terem ocorrido "muitas irregularidades", que não especificou, na votação dos italianos no exterior.
Esse contingente, segundo apuração ainda inconclusa, elegeu três senadores do bloco de centro-esquerda. Com isso, o bloco de centro-direita, que pela manhã tinha a maioria de uma única cadeira, passou a ser minoritário em duas cadeiras (158 a 156).
"Ninguém pode por enquanto se considerar vitorioso", disse o premiê. Afirmou que reconheceria a vitória do adversário apenas depois de investigadas as supostas irregularidades. Porta-vozes da oposição imediatamente acusaram Silvio Berlusconi de querer "subverter" o jogo da democracia.
O premiê propôs ainda que, com um bloco majoritário na Câmara e outro no Senado, a Itália adotasse a mesma solução política da Alemanha, com a formação de uma grande coalizão de todos os partidos. Prodi rejeitou a proposta em termos categóricos.
Pela manhã, apesar da diferença de apenas um décimo de ponto percentual na votação para a Câmara -49,8% a 49,7%-, o líder do bloco de centro-esquerda, Romano Prodi, declarou-se vitorioso e disse ter condições para chefiar o governo nos próximos cinco anos. "Meu governo será tecnicamente forte", afirmou.
À rádio France-Info, Prodi afirmou que seu governo fará um rápida retirada das tropas italianas do Iraque, mas "com a cautela necessária". "O dia em que o governo começar a trabalhar, decidiremos retirar as tropas do Iraque."
A suposição se deve à reforma eleitoral que Berlusconi patrocinou, no final do ano passado, e que dá ao bloco majoritário 340 das 630 cadeiras da Câmara. Com isso, o primeiro-ministro não fica sujeito a cair por um voto de censura em razão do mau humor de alguns poucos ex-partidários.
O fato de ainda subsistir muito barulho em Roma conteve o fluxo de cumprimentos que chegam nessas ocasiões de governantes estrangeiros. França, Argentina, Luxemburgo e a Comissão Européia tinham sido os únicos a cumprimentar Prodi por sua vitória.
Não há na Itália Justiça Eleitoral. As eleições são supervisionadas pelo Ministério do Interior, cuja integridade não vem sendo colocada em dúvida. Pelas suas contas, cerca de 1,1 milhão de votos não foram válidos por estarem em branco ou terem sido anulados. Entre os nulos, há os 43 mil que Berlusconi quer recontar.
Não estava claro ontem à noite se o bloco de partidos do premiê formalizaria o pedido de recontagem de votos ou se tratava-se de um jogo de cena destinado a dar até o undécimo minuto a impressão de que Berlusconi continuou a atirar durante sua queda.


Com agências internacionais

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