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ITÁLIA
Primeiro-ministro quer a recontagem de 43 mil votos nulos para deputado; oposicionista Prodi fala em retirada do Iraque
Prodi anuncia vitória; Berlusconi contesta
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro Silvio Berlusconi disse ontem não reconhecer a apertada vitória de seu adversário, Romano Prodi, nas eleições legislativas italianas de domingo e anteontem.
Pediu a recontagem de 43 mil
votos que foram considerados
nulos, mas que podem expressar
alguma intenção do eleitor. Seu
bloco de centro-direita foi derrotado por apenas 25 mil entre os 38
milhões de votos válidos para a
Câmara dos Deputados.
Essa recontagem precisa ser solicitada pela comissão eleitoral do
Parlamento, depois que os resultados forem aprovados pela mais
alta instância do Judiciário.
Berlusconi também disse terem
ocorrido "muitas irregularidades", que não especificou, na votação dos italianos no exterior.
Esse contingente, segundo apuração ainda inconclusa, elegeu
três senadores do bloco de centro-esquerda. Com isso, o bloco de
centro-direita, que pela manhã tinha a maioria de uma única cadeira, passou a ser minoritário em
duas cadeiras (158 a 156).
"Ninguém pode por enquanto
se considerar vitorioso", disse o
premiê. Afirmou que reconheceria a vitória do adversário apenas
depois de investigadas as supostas irregularidades. Porta-vozes
da oposição imediatamente acusaram Silvio Berlusconi de querer
"subverter" o jogo da democracia.
O premiê propôs ainda que,
com um bloco majoritário na Câmara e outro no Senado, a Itália
adotasse a mesma solução política da Alemanha, com a formação
de uma grande coalizão de todos
os partidos. Prodi rejeitou a proposta em termos categóricos.
Pela manhã, apesar da diferença
de apenas um décimo de ponto
percentual na votação para a Câmara -49,8% a 49,7%-, o líder
do bloco de centro-esquerda, Romano Prodi, declarou-se vitorioso e disse ter condições para chefiar o governo nos próximos cinco anos. "Meu governo será tecnicamente forte", afirmou.
À rádio France-Info, Prodi afirmou que seu governo fará um rápida retirada das tropas italianas
do Iraque, mas "com a cautela necessária". "O dia em que o governo começar a trabalhar, decidiremos retirar as tropas do Iraque."
A suposição se deve à reforma
eleitoral que Berlusconi patrocinou, no final do ano passado, e
que dá ao bloco majoritário 340
das 630 cadeiras da Câmara. Com
isso, o primeiro-ministro não fica
sujeito a cair por um voto de censura em razão do mau humor de
alguns poucos ex-partidários.
O fato de ainda subsistir muito
barulho em Roma conteve o fluxo
de cumprimentos que chegam
nessas ocasiões de governantes
estrangeiros. França, Argentina,
Luxemburgo e a Comissão Européia tinham sido os únicos a cumprimentar Prodi por sua vitória.
Não há na Itália Justiça Eleitoral.
As eleições são supervisionadas
pelo Ministério do Interior, cuja
integridade não vem sendo colocada em dúvida. Pelas suas contas, cerca de 1,1 milhão de votos
não foram válidos por estarem
em branco ou terem sido anulados. Entre os nulos, há os 43 mil
que Berlusconi quer recontar.
Não estava claro ontem à noite
se o bloco de partidos do premiê
formalizaria o pedido de recontagem de votos ou se tratava-se de
um jogo de cena destinado a dar
até o undécimo minuto a impressão de que Berlusconi continuou
a atirar durante sua queda.
Com agências internacionais
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