|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Viagem de premiê "quebra o gelo" entre China e Japão
Em primeira visita de Estado em sete anos, Wen evita polêmica sobre energia e petróleo
China gostaria que Japão
se desculpasse por mortes
de civis durante a Segunda
Guerra; Tóquio teme gastos
chineses com novas armas
Everett Kennedy Brown/Reuters
|
O premiê chinês, Wen Jiabao (à esq.), aperta a mão de seu colega japonês, Abe, em Tóquio |
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, iniciou ontem
visita de três dias ao Japão, a
primeira de um dirigente chinês em quase sete anos. Mas,
apesar de declarações convergentes em questões como ambiente e defesa -visitas mútuas
de embarcações militares-, ele
e o primeiro-ministro japonês,
Shinzo Abe, deixaram de esclarecer o grau de divergências em
questões que envenenam a
agenda bilateral.
Os dois gigantes asiáticos divergem sobre os limites de suas
águas territoriais, ricas em jazidas submersas de gás e petróleo. Os chineses não entregaram na última sexta aos japoneses, durante encontro preparatório, documentos sobre seus
planos off-shore.
A China vê com preocupação
a decisão japonesa de reformar
sua Constituição para expandir
a missão de suas Forças Armadas, hoje apenas defensivas, enquanto o Japão critica a "falta
de transparência" na expansão
das despesas militares chinesas
-US$ 45 bilhões este ano, ou
18% a mais que em 2006.
Sem tocar nesses assuntos,
diz o jornal britânico "The
Guardian", a visita corre o risco
de se tornar uma simples operação de relações públicas.
Já o comércio bilateral, de
US$ 211 bilhões em 2006, demonstra a interdependência
entre as duas economias. A
China é a segunda maior importadora do Japão, e o Japão é
o maior importador da China.
As duas delegações afirmam
que a visita de Abe a Pequim em
2006 "quebrou o gelo", e, agora,
a de Wen a Tóquio, é para que o
"gelo possa derreter".
O Japão preparou para Wen
uma agenda com compromissos raramente reservados a visitantes estrangeiros: um discurso na Dieta (Parlamento) e a
possibilidade de ser recebido
pelo imperador Akihito.
Em seu discurso na Dieta,
Wen pediu uma melhoria nas
relações entre os dois países e
disse que os chineses querem
"amizade" com os japoneses,
mas não deixou de lembrar as
conseqüências do militarismo
japonês na história da China.
"As cicatrizes profundas que
ficaram no coração do povo japonês não podem ser descritas", disse o premiê, afirmando
que as invasões do Japão causaram grandes danos ao seu país.
Massacre
Wen se referiu ao fato de parte do território chinês ter sido
ocupado pelo Japão entre 1931
e 1945. Os japoneses massacraram 300 mil chineses em Nanquim, em 1937. Milhares de
chinesas foram forçadas a se
prostituir com os soldados nipônicos. Wen acredita que o
Japão não assumiu a culpa pelas atrocidades, agravado pelo
fato de Abe ter recentemente
minimizado a prostituição forçada em solo chinês.
Um forte setor nacionalista
japonês periodicamente recoloca essas histórias em pauta.
Para satisfazer esses cidadãos,
o ex-premiê japonês Junichiro
Koizumi (2001-2006) fez visitas ao santuário de Yasukuni,
em Tóquio, que homenageia os
2,5 milhões de japoneses mortos na Segunda Guerra. Há entre eles, porém, 12 criminosos
de guerra condenados por tribunais aliados. Abe visitou o
templo antes de ser premiê.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Artigo: O nó do nacionalismo japonês Próximo Texto: Atentado traz terror de volta à Argélia Índice
|