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Atentado traz terror de volta à Argélia
Ataques matam 24 em Argel e são reivindicados por grupo Al Qaeda nos Países do Magreb, resquício da guerra civil dos 90
Organização também assumiu ataque frustrado de anteontem no Marrocos, que terminou com morte dos quatro homens-bomba
DA REDAÇÃO
Um duplo atentado quase simultâneo na Argélia deixou ontem ao menos 24 mortos e 222
feridos na capital do país. A organização Al Qaeda nos Países
do Magreb Islâmico, chamada
até janeiro de Grupo Salafista
para a Predicação e o Combate
(GSPC), assumiu os ataques.
O atentado, o pior desde
2002, trouxe de volta o ambiente de terror que dominou o
país árabe do norte da África
nos anos 1990, marcado por
conflitos entre o Exército e grupos islâmicos radicais.
A primeira explosão ocorreu
na entrada da sede do governo,
no centro de Argel, matando ao
menos nove pessoas e danificando edifícios no entorno. O
primeiro-ministro do país, Abdelaziz Belkhadem, denunciou,
em um programa de rádio, os
atos "criminosos e covardes cometidos no momento em que o
povo argelino pede a reconciliação nacional".
O segundo ataque ocorreu no
distrito de Bab Ezzouar, perto
da estrada que leva ao aeroporto internacional e de uma das
principais universidades do
país. A explosão destruiu uma
delegacia do distrito.
"Nós achávamos que os anos
de terrorismo tinham acabado.
Pensávamos que tudo tinha
voltado ao normal. Mas agora, o
medo voltou", disse uma advogada que trabalha em um edifício perto da sede do governo.
"Não estaremos em paz até
liberarmos toda a terra do islã
que está com os cruzados e com
os apóstatas, e até que tornemos a pôr os pés na nossa Andaluzia espoliada e no nosso Al
Quds (Jerusalém) violado",
afirmou a Al Qaeda nos Países
do Magreb em um comunicado
divulgado na internet.
A organização também assumiu o atentado frustrado de anteontem no Marrocos, vizinho
da Argélia, no qual três homens-bomba se explodiram ao
serem perseguidos pela polícia
e um quarto foi morto a tiros.
Um policial morreu e ao menos
19 pessoas ficaram feridas no
episódio. Os ataques despertaram nos dois países o receio de
que o terrorismo se espalhe na
região.
Desde que o GSPC mudou de
nome, o grupo tem realizado
ataques que têm por alvo principalmente estrangeiros.
Em março, um ônibus que
transportava trabalhadores de
uma empresa russa na Argélia
foi alvo de bomba que matou
um engenheiro russo e três argelinos. Outro ataque, em dezembro, perto de Argel, atingiu
um ônibus que transportava
trabalhadores estrangeiros,
matando um argelino e um libanês.
O duplo atentado ocorreu no
momento em que o Exército
argelino conduz, há algumas
semanas, uma vasta operação
contra insurgentes islâmicos
pertencentes à antiga GSPC em
Cabília, a leste da capital.
Desde o início de abril, ao
menos 33 pessoas -das quais
15 pertenciam às forças de segurança argelinas- morreram
durante ações violentas atribuídas aos islâmicos, de acordo
com um balanço oficial. Segundo a inteligência francesa, o
grupo Al Qaeda nos Países do
Magreb tem entre 500 e 800
membros na Argélia, Mauritânia, Mali e Níger.
Com agências internacionais e "Le Monde"
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