São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Atentado traz terror de volta à Argélia

Ataques matam 24 em Argel e são reivindicados por grupo Al Qaeda nos Países do Magreb, resquício da guerra civil dos 90

Organização também assumiu ataque frustrado de anteontem no Marrocos, que terminou com morte dos quatro homens-bomba

DA REDAÇÃO

Um duplo atentado quase simultâneo na Argélia deixou ontem ao menos 24 mortos e 222 feridos na capital do país. A organização Al Qaeda nos Países do Magreb Islâmico, chamada até janeiro de Grupo Salafista para a Predicação e o Combate (GSPC), assumiu os ataques.
O atentado, o pior desde 2002, trouxe de volta o ambiente de terror que dominou o país árabe do norte da África nos anos 1990, marcado por conflitos entre o Exército e grupos islâmicos radicais.
A primeira explosão ocorreu na entrada da sede do governo, no centro de Argel, matando ao menos nove pessoas e danificando edifícios no entorno. O primeiro-ministro do país, Abdelaziz Belkhadem, denunciou, em um programa de rádio, os atos "criminosos e covardes cometidos no momento em que o povo argelino pede a reconciliação nacional".
O segundo ataque ocorreu no distrito de Bab Ezzouar, perto da estrada que leva ao aeroporto internacional e de uma das principais universidades do país. A explosão destruiu uma delegacia do distrito.
"Nós achávamos que os anos de terrorismo tinham acabado. Pensávamos que tudo tinha voltado ao normal. Mas agora, o medo voltou", disse uma advogada que trabalha em um edifício perto da sede do governo.
"Não estaremos em paz até liberarmos toda a terra do islã que está com os cruzados e com os apóstatas, e até que tornemos a pôr os pés na nossa Andaluzia espoliada e no nosso Al Quds (Jerusalém) violado", afirmou a Al Qaeda nos Países do Magreb em um comunicado divulgado na internet.
A organização também assumiu o atentado frustrado de anteontem no Marrocos, vizinho da Argélia, no qual três homens-bomba se explodiram ao serem perseguidos pela polícia e um quarto foi morto a tiros. Um policial morreu e ao menos 19 pessoas ficaram feridas no episódio. Os ataques despertaram nos dois países o receio de que o terrorismo se espalhe na região.
Desde que o GSPC mudou de nome, o grupo tem realizado ataques que têm por alvo principalmente estrangeiros.
Em março, um ônibus que transportava trabalhadores de uma empresa russa na Argélia foi alvo de bomba que matou um engenheiro russo e três argelinos. Outro ataque, em dezembro, perto de Argel, atingiu um ônibus que transportava trabalhadores estrangeiros, matando um argelino e um libanês.
O duplo atentado ocorreu no momento em que o Exército argelino conduz, há algumas semanas, uma vasta operação contra insurgentes islâmicos pertencentes à antiga GSPC em Cabília, a leste da capital.
Desde o início de abril, ao menos 33 pessoas -das quais 15 pertenciam às forças de segurança argelinas- morreram durante ações violentas atribuídas aos islâmicos, de acordo com um balanço oficial. Segundo a inteligência francesa, o grupo Al Qaeda nos Países do Magreb tem entre 500 e 800 membros na Argélia, Mauritânia, Mali e Níger.


Com agências internacionais e "Le Monde"


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