São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Questionário sexista revolta servidoras públicas da Índia

Burocratas do governo são solicitadas a dar detalhes de sua "história menstrual"

Formulário também pede que as mulheres, que são 10% do funcionalismo federal, informem sobre a última licença-maternidade

DA ASSOCIATED PRESS, EM BOMBAIM

As burocratas do governo indiano foram solicitadas a fornecer detalhes sobre os seus ciclos menstruais, em um novo formulário de avaliação profissional, e o pedido enfureceu as funcionárias públicas. Em meio a questões sobre objetivos e capacitação profissional, o mais recente formulário de avaliação, enviado aos funcionários públicos indianos algumas semanas atrás, pede que as mulheres que integram a vasta burocracia governamental respondam a perguntas como "qual é a data do seu mais recente ciclo menstrual" e pede que informem "detalhes sobre sua história menstrual".
O formulário especifica igualmente que "todas as funcionárias" devem informar detalhes sobre sua mais recente licença-maternidade. "É uma atitude insensível, e nossa rejeição a isso é realmente forte", disse Seema Vyas, funcionária do departamento de administração do Estado de Maharashtra, no oeste do país. Todos os funcionários públicos indianos passam por exames físicos de rotina, mas detalhes desses testes não deveriam ser parte de suas avaliações.

Queixa formal
Em Maharashtra, mulheres enraivecidas pelo formulário disseram que encaminharão uma queixa formal ao departamento de pessoal do governo federal, exigindo que as perguntas ofensivas sejam removidas do formulário, disse Vyas. "Um comitê formulou as novas regras. Mas para cada problema existe uma solução", disse K. Ramchandran, porta-voz do departamento federal da saúde. "Se as coisas não são apropriadas, um novo comitê será indicado para reestudar o novo formulário de avaliação." Cerca de 10% dos quatro milhões de funcionários públicos federais indianos são mulheres.
Uma funcionária pública, que falou sob a condição de que seu nome não fosse revelado, disse que ela e outras mulheres estavam chocadas com a decisão, que demonstra falta de sensibilidade da burocracia indiana às questões sexuais. A Índia é um país muito conservador, e as questões femininas são uma preocupação importante. Estatísticas do governo indicam que, dada a preferência da sociedade por filhos homens, o aborto de fetos do sexo feminino causou um déficit de cerca de 10 milhões de meninas na população indiana, de 1,1 bilhão de habitantes.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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