São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2001

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Ressurge teoria de que terrorista não agiu só

DE NOVA YORK

Executado Timothy McVeigh, ressurge com força a teoria de que o ex-sargento não agiu sozinho. Ontem mesmo, a defesa do terrorista voltou a falar da possibilidade de existência do segundo "John Doe" (expressão inglesa equivalente a "Fulano de Tal").
Segundo o advogado Christopher Tritico, os indícios estão nas 4.500 páginas dos documentos perdidos pelo FBI e só divulgados em 11 de maio último, trapalhada da polícia federal que resultou no adiamento da execução de McVeigh para ontem.
No relatório de 17 páginas, os dois advogados dizem que "há evidências, detidas pelo governo, de que outra pessoa pode ter sido o cabeça por trás do atentado". Eles não estão sozinhos ao acreditar que McVeigh não era o líder e que seu amigo Terry Nichols, condenado à prisão perpétua em 1998 por um papel secundário, não seria o único cúmplice.
O problema, segundo os advogados, começou com o tamanho da investigação, que deixou muitos furos. O FBI ouviu 35 mil testemunhas, recebeu telefonemas, cartas, visitas e e-mails que levaram a 43 mil "pistas".
"Não há nada mais do que o apurado", disse Steven Berry, porta-voz do FBI. "Continuar com o caso é como caçar fantasmas." Não é o que dizem 20 testemunhas, que afirmam ter visto em algum momento John Doe 2 junto de McVeigh, mas cujos depoimentos foram ignorados.
Uma delas é uma balconista de uma lanchonete Subway, que diz ter servido McVeigh, Nichols e uma terceira pessoa no dia anterior ao atentado e que os três amigos entraram juntos no caminhão que carregaria depois a bomba. Ela entregou a fita do circuito interno de TV ao FBI, mas nunca foi chamada a depor.
Entre os suspeitos estão o separatista alemão Andreas Strassmeir. Cabeça do movimento neonazista da comunidade de Elohim City, vizinha a Oklahoma City, Strassmeir teria sido o cabeça do esquema de segurança do atentado. Ele nega.
Outro é Morris Wilson, líder de um movimento separatista de Kansas, no Texas, que teria sido visto na cidade no dia do ataque por várias pessoas. Ele nega também. Na semana seguinte ao atentado, o FBI chegou a soltar um retrato falado do segundo suspeito, baseado nos depoimentos, mas depois o desautorizou.
Em vários depoimentos, McVeigh diz ter agido sozinho, inocentando até mesmo seu amigo Nichols. Mas muitos acreditam que já fazia parte do caráter messiânico e solitário que o terrorista queria dar a seu ato.



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