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São Paulo, sábado, 12 de julho de 2003

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EUA prevêem conselho iraquiano

DA REDAÇÃO

A administração americana do Iraque deve anunciar, nos próximos dias, um conselho administrativo formado por até 25 iraquianos de diferentes grupos étnicos e religiosos. A medida, citada ontem por membros da Autoridade Provisória de Coalizão (APC) e líderes iraquianos, é o primeiro passo para a transferência de poder à população do país, o que analistas vêem como a única solução para a onda de ataques contra as forças de ocupação.
O cronograma definitivo para a transição, no entanto, ainda depende da promulgação de uma nova Constituição para o país, o que requer a criação de uma assembléia específica.
Depois de oito semanas de negociações entre a APC e representantes das diferentes facções iraquianas, o administrador do Iraque, o diplomata americano Paul Bremer, passou a chamar o grupo de "conselho administrativo", ao invés de "conselho consultivo".
Com a mudança de nomenclatura, Bremer pretende atribuir mais poderes aos iraquianos, atendendo à demanda pela rápida implementação de um governo representativo e evitando que a população passe a apoiar a resistência, supostamente formada por membros do regime deposto. No entanto, o poder decisório permanecerá com a coalizão.
Ao conselho caberá sugerir medidas à Autoridade e auxiliá-la em sua implementação, além de fazer a ponte entre Washington e os ministérios iraquianos.
Segundo o jornal "The Washington Post", o conselho deve privilegiar os xiitas em detrimento de outros grupos -inclusive dos exilados iraquianos, vistos a princípio como os mais alinhados aos planos de Washington.
Se formalizada, a atitude ilustraria a tentativa da administração americana de agradar à população: a maioria dos iraquianos é xiita e passou os 24 anos da ditadura de Saddam Hussein, um sunita, reprimida.

Fallujah
Após um dia de protesto dos policiais iraquianos, os soldados americanos decidiram reduzir sua presença em Fallujah, uma das cidades mais conturbadas do oeste do país. Eles deixaram a delegacia local, onde, segundo os iraquianos, sua permanência fazia dos policiais alvo de ataques constantes da resistência. No entanto, o sargento Patrick Compton, porta-voz militar, negou que os americanos tenham deixado a cidade definitivamente.
Mesmo assim, Fallujah foi palco de mais um ataque com granadas de morteiro durante a noite, que não deixou feridos. O mesmo ocorreu na vizinha Ramadi.
Três soldados americanos e três iraquianos foram feridos em ataques semelhantes em Samarra (norte) e Bagdá. Segundo o general Tommy Franks, que nesta semana deixou o comando das operações e passou à reserva, as tropas dos EUA atualmente são vítimas de até 25 ataques diários.


Com agências internacionais


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